DIA 28 DE FEVEREIRO

Amanhã não haverá vinte e nove
Hoje são vinte e oito
Dia de bolo.

My mother completa mais um ano de vida
Foi Deus quem permitiu
Ele nunca mentiu
Quando prometeu longevidade
Tanto no campo como na cidade.

Mamãe já tem avançada idade
É uma senhora lúcida
Graças ao Criador
Que cura da dor.

O nome dela é Romana
Adora banana
Tem um coração grande
Onde guarda oito filhos.

Comprei uma torta
Convidei apenas os íntimos
Vamos bater os PARABÉNS
Venha você também.

RECADO DE UM LEITOR

Gostaria que você lesse o testemunho dum leitor
O qual consome meus versos
Os mais diversos...

"Querido escritor JB Paiva!
Faz tanto tempo que espero por essa oportunidade
De poder declarar o quanto gosto de te ler
Mas... a vida com seus altos e baixos
Sempre me atrapalhava
Ou seja, sempre me ocultava
Então fiquei alheio.

Precisava muito declarar-te algo
Ou dizer-te que... depois de ler seus textos
Comecei a aprender 
Ou melhor... eu me inspirei
E agora também vivo a escrever
Não tão bem
Mas dar para imitar.

Quando penso que nós vivemos uma única vez
Daí não perco mais o tempo
Dou vida ao pensamento
Isso é meu divertimento
O meu passatempo.

Caso eu não tivesse conhecido seus poemas
Com certeza não teria me despertado para escrever
E eu... só pensava em morrer
Odiava viver
Mas... agora dei a volta por cima
Ando em novo clima.

Queria demais revelar a você os meus contos
Porém morro de vergonha
Ninguém sonha
Com o que está escrito em meus papéis
Em meu diário
Escondido no armário.

Sou um escritor anônimo parecido contigo
Sou tímido
E achei um amigo
Para desabafar
Para segredar".

Nada mais a declarar
Somente respirar
Bem fundo...

ESTOU EXAUSTO

Acordei muito cedo
Levanto todo dia às cinco
Você sabe que não minto
Falo o que sinto
No peito, na alma.

Mal me deito
O despertador dispara
Levo murro na cara
Pulo do leito
Lavo o rosto
Corro para o posto
Trabalhar
Batalhar.

Com olhos avermelhados
Fico meio atrapalhado
Pareço ter conjuntivite
Cochilo na hora do almoço
Caio no poço
Cavando a riqueza
Procuro ouro
Muito suor nos couros.

... se eu faltar ao serviço
Ninguém me alimentará
O suco ficará sem adoçar
A barriga roncará
A preguiça me dominará.

De manhãzinha...
Difícil mesmo é só pra levantar da cama
Depois a gente chupa a água da cana
A gente pula
É grande a gula
A luta.

A noite chega finalmente
Estou pedindo penico
Os braços desmaiam
Abro a boca de sono
Nem sei se como
Alguma salada
Aqui na sala.

Quero é dormir
Dormir
Dormir.

Cansado estou da labuta
Minha voz está bruta
- Por favor! Não me perturbe!

Caio na colcha
Estico a perna
Toco na coxa
Durmo
Ronco
Sonho
Babo
Assusto-me
Novo dia
Melodia
Das aves
Nas árvores.

DENTRO DA CABEÇA

Só e tão somente eu
sei o que se passa dentro da minha cabeça
enquanto você sabe o que se passa na sua
e na rua.

Alguém poderá investigar
mas não descobrirar
o que há
no íntimo da minha cabeça.

Eu até queria pesquisar
o centro da tua cabeça
porém apenas você consegue penetrar
até lá chegar.

Dentro da minha cabeça é uma região restrita
não é qualquer artista
que consegue adentrar
para desfrutar.

Entendo que sua cabeça também é proibida interiormente
apesar de fazer parte da minha mente
trata-se dum território exclusivo
por que não dizer inclusivo...

Posso imaginar o que se sucede em tua cabeça agora
tu podes imaginar o que se passa aqui na minha
entretanto procuro sempre andar na linha
a fim de evitar os piores escândalos.

Dentro da minha cabeça
há uma lei bastante severa a qual reza:
"Jamais deixe de amar o espaço que existe
dentro da cabeça de quem tu amas".

Sei que alguém vive ou mora em minha cabeça
sei que talvez eu more em sua cabeça
e isso faz com que eu não adoeça
nem pereça.

COMEÇANDO DO ZERO

(...)
Nada
Tenho
Nadinha.

(...)
Cofre vazio
Panelas secas
Não há frutas frescas.

(...)
Zero
Tudo zerado
Estou desempregado.

(...)
Sabe o que é miséria?
Fome
Sede.

(...)
Para completar
Vem doença
Vírus influenza.

(...)
Nada dar certo
Tudo é incerto
Droga!

(...)
Estou começando do zero
Vou deixar de lero, lero
Vencerei.

ÀS VEZES TROCO UM DÓLAR PELA ESCRITA

Quantas vezes evitei um dólar para escrever
Ou seja, troquei money por letras
Troquei grana por frases
E assim são as fases
São as flores
As cores
Os odores
Amores.

Sei que de dólar em dólar poderei enriquecer
Mas sei que de poema em poema poderei florescer
Sei ainda que de grão em grão a galinha enche o papo
Enquanto nós batemos um papo.

Não quero nem saber
Prefiro escrever
Do que o bolso encher
Depois enlouquecer
De preocupação
De hipertensão.

A escrita é atraente
Ela é charmosa
É cheirosa
Enriquece a mente
Da gente.

Que a escrita seja sempre a razão do viver!
Que jamais se esgote a fonte de escrever!
Que o leitor nunca se canse de ler!

DIZEM QUE SOU PATO

Aqui em meu país
Ser chamado de pato
Significa ser otário, bobo
Mas não ligo para o fato
Quero mesmo é digitar.

Dizem que sou pato
Por que escrevo textos
Digito pretextos
Depois divulgo
Sem lucro.

Dizem que sou pato
Por que trabalho tanto pensando
Não recebo dinheiro
Não tenho retorno
Enquanto a rede fica pendurada no torno
Os outros leem
Até mangam.

Pode me chamar de pato
Podem me chamar de idiota
Pode me criticar
Pois o que me importa é...
Escrever para todos
Não importa pra quem
Talvez no além.

A luta é apenas pra imaginar
Logo após tomo emprestadas as imagens
(São alheias... não minhas)
São as belíssimas paisagens
As quais o mundo moderno oferece
E a gente jamais esquece
De agradecer.

Sendo pato ou não
A vida vai correndo
Eu escrevendo
Você lendo.

TAMBÉM SOU CAPAZ

Também sou capaz de criar
Sou capaz de produzir
Sou capaz de construir
Sou capaz de inventar
- Por que não?

Tenho trilhões de neurônios
Que pensam
Que agem
Que viajam
Que pesquisam
Que investigam.

Só por que vivo numa colônia de terceiro mundo
Tenho que me humilhar?
Devo me prostrar?
Achar que sou incapaz?
- Não, rapaz.

Também sou capaz de sonhar
Posso navegar
Até flutuar
Pelo ar
Pelo mar.

Sou apto
Sou hábil
Uso os lábios
Para buscar
Para aprender
A crescer.

CRIANÇA SEM BRAÇOS

Enchi os olhos d'água
As lágrimas escorreram
Não pude me conter
Pode crer.

Vi uma criança sem os dois bracinhos
Ela pegava o pedaço de bolo com o garfo
O garfo apoiado no dedinho do pé
Haja fé
Para conseguir matar a fome
Que não some.

A criança sem braços ia levando o bolo à boca
De repente o alimento caía
Ela não desistia
Olhava para a luz do dia
Novamente tentava...
Punha o garfo no bolo
Lá se vai o processo.

Não é que... a bichinha conseguiu colocar a fatia de bolo no paladar...
Depois ficou super feliz
Do jeito que sempre quis
Matou a fome
Que consome.

Moral da lição:
Nós temos os dois braços
Vivemos reclamando
Vivemos murmurando
Enquanto a criancinha sem braços
Tenta dar vários abraços
Imitando o vento
O pensamento.

COMO VOCÊ SE ARRISCA!

Tu ficas dirigindo automóvel sem habilitação
Corres o maior perigo
Meu amigo.

Você fica lendo livro na beirada do lago
Conversa com o Iago
E corre o risco de escorregar
Morrer afogada (o).

Tu percebes um tiroteio na favela
Curiosamente corres para cima
Arriscas a vida, a sina
Podendo sofrer uma bala perdida.

Você nota uma pessoa com demônio nos couros
Vai tentar libertá-la
Vai tentar ajudá-la
Mas há o risco de morte.

Tu ficas desafiando a onça com vara curta
- Cuidado que a vida é curta!
A fera não brinca em serviço
Comer carne humana é seu vício.

Você não tem dinheiro
Fica criticando os "peixes graúdos"
Depois recebe voz de prisão
Não pode pagar fiança
E cai em depressão.

Tu tens um amor não correspondido
O seu coração não é compreendido
Ainda assim tu insistes
Correndo o risco de quebrar a cara
Ou levar "um fora".

Você teima em escrever o que dar na cuca
Uns dizem que a ideia é bem maluca
Outros falam que sua escrita assusta
Como você se arrisca!

FRIAGEM

Ó que friagem!
Já penso na imagem
Sua bela filmagem
Na paisagem
À margem.

Ó que friagem!
A gente evita sabotagem
Não permitimos hospedagem
Juntos vamos buscar forragem
Sem maltratar a embreagem.

Ó que friagem!
Nada melhor que triagem
Já já faremos uma viagem
Sem saber onde fica Boa Viagem
A cidade da reportagem.

VONTADE DE BRILHAR

Queria ser um vagalume
Com lume
Com luz
Que reluz
Sem fios.

Queria ser uma estrela
Que ilumina a esteira
Que clareia a estrada
Que ilumina o estábulo.

Queria ser uma lâmpada
Para expulsar a escuridão
Para chutar a negridão
Que assusta o sertão.

Queria ser a lua
Brilhar na noite nua
Enfeitar a rua
Desfilar nas nuvens.

Queria ser o fogo
A fim de esquentar o ambiente
Dar calor a tua mente
Aquecer as gentes
Queimar os males.

Queria ser o sol
Parecido com girassol
Que gira ao redor de nós
Não nos deixa a sós
Nos presenteia com quentura
Com claridão
Nesse mundão.

Queria ser a lanterna
Invadir a caverna
Perseguir morcegos
Com meus olhos cegos
Enxergar o ego
Desviar-me do prego
Que planeja enfiar-se no pé.

CALAFRIO NA ALMA

Lembro de pessoas presas em galpões
Lembro de pessoas presas em furgões
Lembro de pessoas desesperadas em campos de concentração
Lembro de pessoas pondo as mãos em seus corações
Lembro de pessoas gritando ao ver o rosto da condenação
Lembro de pessoas desmaiando ao ver a morte no quarteirão
Isso me dar calafrio na alma.

Imagino carne igual a nossa sendo queimada
Imagino carne igual a nossa sendo escravizada
Imagino carne igual a nossa sendo envenenada
Imagino carne igual a nossa sendo exterminada
Imagino carne igual a nossa sendo cremada
Isso me dar calafrio na alma.

Relembro as câmaras de gás
Relembro a falta de paz
Relembro o monóxido de carbono
Relembro o total abandono
Relembro o zyklon B
Relembro a morte do bebê
Isso me dar calafrio na alma.

Morreram cerca de 3,8 milhões de seres vivos
Morreram deficientes físicos e mentais, ciganos, mendigos
Morreram mulheres e homens criativos
Morreram os judeus ativos
Isso me dar calafrio na alma.

Penso no campo de trabalho escravo
Penso no inimigo bravo
Penso no campo de estermínio
Penso no morticínio
Penso novamente no campo de concentração
Penso no amor, na humildade e no perdão
Isso me dar calafrio na alma.

Como nos amedronta a lembrança da Segunda Guerra!
Como nos amedronta a lembrança do Nazismo na Terra!
Como nos amedronta a lembrança do terminal da morte!
Como nos amedronta sabermos que aquele povo não teve sorte!
Como nos amedronta um possível (novo) surgimento hitleriano!
Como nos amedronta saber que as profecias precisam se cumprir!
Como nos amedronta saber que não há possibilidade de escapulir!
Isso me dar calafrio na alma.

Lembro disso tudo porque sou humano
Lembro disso tudo porque estudo a cada ano
Lembro disso tudo e não guardo mágoa
Lembro disso tudo sabendo que a vida é efêmera, inclusive a água
Lembro disso tudo, mas desvio o meu coração
Lembro disso tudo e libero perdão.

BUNDA-DE-TANAJURA

Tanajura é formiga fêmea da saúva
Conhecida como içá
Formiga de asa
No Ceará.

Em tupi-guarani
Tanajura significa "formiga que se come"
Por que as pessoas pegam o bumbum dela
Colocam na frigideira
Torram
Comem
(eu não tenho coragem).

A gente pensa que isso é mentira
Porém já vi pessoalmente
Alguém arrancando as bundas-de-tanajuras
Depois de torradas
- Nhaque, nhaque...

Sou contra a entomofagia
Evito comer inseto
Sou meio incerto
Deixa pros indígenas comerem tanajuras
- Jura.

A PEDRA

Mamãe lavava roupas sobre a pedra
Ela usava também a pedra-pomes
Usava ainda a pedra-sabão
Depois dava pedrada no camaleão.

O joalheiro adora a pedra de toque
Admira a pedra preciosa
Acha mimosa
Também a pedra lascada
Quase esquecida
Sem esquecer da polida.

O alquimista pensa na pedra filosofal
Ele tropeça no pedregulho
Cai no terreno pedregoso
Fica orgulhoso
Pois não feriu-se.

O pedreiro sonha com a pedraria
Visita a pedreira
Ganha uma lembrança pedrenta
Volta ao ambiente pedroso
Acha gostoso
E pegajoso.

Eu fui fazer a prova do vestibular
O tema da redação de trinta linhas era "A pedra"
Daí fiquei perdido
Então iludido
Fui reprovado
Mas nunca desisti
Até que passei.

"IMAGINE NO RELIGION"

Acredito que todos conhecem a música de John Lennon
Refiro-me a linda canção "Imagine"
A qual peca simplesmente no trecho "imagine no religion"
O que causa revolution.

Evidentemente poderá ser uma opinião própria
Mas... ai do mundo se não existissem as religiões
Pois elas têm os pontos positivos que tocam os corações.

Foi através da religião que mudei de vida
Foi o Cristianismo que expulsou o vírus causador da ferida
Daí me libertei da rotina sofrida.

Infelizmente o compositor não vigiou ao escrever
"Imagine que não exista religião"
E assim quem gostou foi o cão
Pois ele pensa na condenação
Das almas.

Imagine que exista, sim, religião
Todos reunidos
Em união
Num só propósito:
"Amar o próximo".

Acho bacaníssima a melodia de Imagine
Porém risquei "imagine no religion"
E continuo ouvindo a voz do John
Que jamais se apagará de nossas mentalidades
Da atualidade.

NÃO NASCI PARA ESTAGNAR

Em meu vocabulário não há a palavra "estagnação"
pois isso é coisa de quem vive na opressão
de quem só pensa negativamente
é pobre da mente.

Nasci para vencer
para escrever
digitar
bombar.

Não nasci para estagnar
para me estragar
apodrecer
desaparecer.

Nasci para crescer
desenvolver
envelhecer
morrer
é claro.

Não nasci para estagnar
paralisar
acomodar-se
evaporar-se.

Nasci para pensar
depois transformar
o meu mundo
em o mais profundo
sucesso
e progresso
- Concorda?

ENGRAÇADA A ASTÚCIA INFANTIL

O professor encontra-se na sala de aula com mais de trinta alunos
Precisa cumprir as regras da coordenação
Precisa obedecer as normas da direção
Ou seja, não pode permitir a saída de estudantes
Somente no momento do intervalo.

Logo vem uma garota pedindo para mudar o absorvente no banheiro
Então o teacher se compadece e autoriza
Aí pronto...
Bastou o pontapé inicial
Que todo o corpo discente fica mal.

Lá vem o garoto dizendo que está morrendo de febre
Outro diz que está com dor na barriga
Pois está cheio de lombriga.

Lá vem uma menininha se torcendo com dor-de-cabeça
Outra com gripe
Outra com a garganta inflamada
Outra com a gengiva inchada
(...)

Em poucos minutos... toda a turma fica problemática
Esquece do Português como da Matemática
O mestre perde o controle
Nasce a confusão
Até discussão.

Criança é criança
Imita umas às outras
Imita as caboclas
Que coisa louca!

O mais interessante é que...
Algum dia nós adultos fomos do mesmo jeito
Nós fomos infantis
E agora exigimos perfeição de nossos filhos
Não é?

DIVISÓRIA

A vida é ilusória
tem uma divisória
a qual nos separa
mas nos repara.

Estou do lado de cá
você está do lado de lá
enquanto a divisória
dita as leis.

A vida é aleatória
grudada à divisória
às vezes me maltratam
me matam.

Fico aqui te aguardando
tu ficas aí charlando
e a divisória
rir da minha cara.

Nossa divisória não é tapume
não é pedra ume
nem uma parede
onde prendo a rede.

A linha que nos divide
é de ferro
então berro
e ouço os passos do vento.

A vida tem sua divisória
escreve nossa história
numa locomotiva
bem criativa.

Quando sinto saudade
corro até à divisória
refresco a memória
limpo a vista.

APARÊNCIA DE ORNITOMIMO

- Gente! Anteontem conheci uma pessoa tão esquisita
Era tão diferente
E não me saiu mais da mente.

A pessoa andava em posição bipedal
Para mim isso era normal
Também para o mundo paleontológico
Nada parecia anormal
Porém...

Quando caí na realidade
Com ansiedade
Percebi que o ser estranho possuía uma cauda enorme
Era um rabão
Com uns três ou quatro metros.

Achei aquilo estranho demais
Pensei que estava vendo filme no cinema
Ou sonhando mesmo acordado
Fiquei incomodado
Depois acomodado
Sem coragem de sair do lugar
Tremiam minhas bases
Em pleno calor solar.

Depressa surgiu a reportagem do Jornal Naskofrã
A repórter perguntou a origem do indivíduo desconhecido
Logo respondeu em pouquíssimas palavras:
- Vivi no cretáceo da América do Norte...

A repórter fez outras indagações
Todavia... o ornitomimo permaneceu mudo
Nada mais declarou
Ele parou.

Seis meses depois...
Soubemos que aquela pessoa era parente do dinossauro
- Sério.

Ornitomimo era um dinossauro
Que lembrava uma avestruz
Usando capuz
E com uma ferida no nariz
Escorrendo pus
- Eca!

FERROADAS SEGURAS

Levo uma tremenda surra das abelhas
Meu rosto incha-se... inclusive a região das sobrancelhas
Sinto a fúria do ferrão
Massageio com pomada
E nada...
Tudo continua dolorido
Meu semblante ferido
A ponto de evitar sair de casa
Ou criar asa
Voar para bem longe
Ser monge.

Aparece repentinamente... um cavalo gigante
Monto em suas macias costas
Vamos galopando
Até ver o sol escapando
Isto é, sumindo no poente
Sinto-me carente
O rosto avolumado
O coração apertado
A vida engrenada.

Sorrateiramente avistamos uma gruta desabitada
Lá nos batemos com um escorpião feroz
Ele tinha um e oitenta de altura
Ele parecia uma escultura
Porém não era... não era...
O aracnídeo foi atrevido
Fez um pedido:
- Sumam daqui... Odeio cavalos e humanos...


O escorpião agigantado apontou seu revólver
Ou melhor... sua cauda, o ferrão
Isso mexeu com meu coração
Tentei reagir
Procurei resistir
Só que sofri
Uma baita ferroada
Bem no pescoço
Que destroço!

A sorte foi que... passava um helicóptero policial
Segurei a hélice
Pendurei meu gigante
Quer dizer: meu cavalo
E fomos salvos
Chegamos em casa sãos
No sítio São João.

Atualmente recordo as cenas passadas
Lembro-me da inocência
Da pouca paciência
Em estudar Ciências
A fim de prevenir-se dos ataques venenosos
Por isso... dedique-se aos estudos
Os escudos.

ONDE ESTÁ VOCÊ?

Onde está você
Que não vejo
Trovejo
Mas não te vejo
Nem revejo?

Onde está você?
Onde te escondes?
Será numa caverna?
Ou numa favela?

Onde está você
Que sumiu
Que escapuliu
Que fugiu?

Onde está você?
Preciso te ver
Não quero morrer
De saudades.

Onde está você?
Vou te procurar
Vou te arrastar
Te amarrar
Em mim.

Onde está você
Onde te fechas
Será num deserto
Ou aqui por perto?

Onde está você?
Vivo a sofrer
Preciso viver
Contigo
Forever.

... MAS POR QUÊ?

Por que você quer desistir de viver?
Desistir por quê?

Porque estou decepcionado
Encontro-me angustiado
Perdi as esperanças
Ontem à noite.

Gostaria de saber o porquê dessa tua solidão
Você maltrata seu coração
Morre de hipertensão
Por que quer.

Por que tu não viajas?
Se der moleza
Tu naufragas
Nas águas
Profundas
Do mar
- Dummar!

Acho que sei o porquê de tua depressão
Você precisa liberar perdão
Para quebrar o guilhão
Que aprisiona tua alma
Que rouba a calma
- Cara!

Choro como desesperado
... Mas por quê?

Você tem tanta vida pra viver
Por que pensas em morrer
Quando a vida é bela
Nem pensar em vela
Em velório
Caramba!

Quero que o fôlego de vida se extinga
... Mas por quê?

Isso é coisa de mente desocupada
Passe a ter uma rotina ocupada
Daí os buracos, as lacunas serão preenchidas
- Garanto.

MEUS PASSOS SILENTES

Dou um passo...

Dou dois passos
Meço os espaços...

Dou três passos rumo ao horizonte
Atravesso a ponte
Que balança.

Dou nove passos
Caio em teus braços
Disfarço
Refaço.

Dou dezessete passos em direção ao vento
Achego-me à exposição do evento
Mudo de pensamento
Não me alimento
Há dias.

Dou vinte e nove passos
Os sonhos estão escassos
Mas não desistirei de dormir
Jamais imitarei a quem quis sucumbir
Eu hei de flutuar no ambiente estelar
Juntamente com os demais astros a brilhar.

Dou cinquenta e cinco passos certeiros
Confesso que sou obrigado a enfrentar os espinheiros
Não estou nem aí
Vou subir
Irei ao destino final
Encontrar o fanal
Escondido.

Dou um passo...

Dou dois passos silentes
Dou três
Dou nove
Dou dezessete
Dou vinte e nove
Dou cinquenta e cinco
(...)

DEPENDE DE MIM: ACEITAR OU REJEITAR

Vejo a concupiscência
Fecho os olhos
Penso na ciência.

Ouço piada imoral
Tampo o ouvido
Penso no Pantanal.

Sinto o cheiro do pecado
Prendo o nariz
Penso no caminho bifurcado.

Quero falar palavrões
Selo a boca
Penso em alguns corações.

Contemplo grana alheia
Cerro as mãos
Penso em sereia.

Avisto um paraíso proibido
Amarro meu pé direito
Penso no semblante sofrido.

Avisto outro paraíso perdido
Amarro o pé esquerdo
Penso em resistir a libido.

NECESSIDADE ESPECIAL

Uma menina chamada Bruna
(Nome fictício)
É portadora de necessidade especial
Ou seja, ela sofre de deficiência mental
Estuda na escola regular
Daí merece uma maior atenção
O melhor cuidado possível
Nunca é impossível
Quando se quer.

Bruna pega o vidro de cola
Na sala de aula da escola
Espreme o líquido no corpo
Passa no rosto
Dar desgosto
Mas...

Os colegas ignoram o comportamento de Bruna
Eles pedem para colocar a garota fora, no pátio
Só que a professora Neusa faz um dicurso
Diz que fez utilíssimo curso
Entende do assunto
Precisa abraçar a paciente
Que é sua cliente
Da rede municipal de ensino.

A tia Neusa declarou ainda:
- "Queridos alunos! Coloquem-se no lugar da Bruna
Imagine você com o problema dela
Imagine você com a cara bela
Porém a mente débil".

Será que gostaríamos de ser xingados
Caso fôssemos deficientes mentais
Cérebros anormais?

PROCURO ENTENDER, MAS NÃO CONSIGO

A Venezuela possui as maiores reservas de petróleo do mundo
Vive na crise
O povo faminto
Procura lixo
Nem um pinto
No almoço
Para o moço
Nem um fruto maduro
Somente o rojão duro
Do Maduro
E tento entender
Mas não consigo.

Se o Comunismo versus Socialismo
São tão bons
Por que nações
Vivem ilusões
Decepções?

O Brasil é um país imenso e cheio de riquezas naturais
Enfrenta crise
Desviam bilhões
Os ladrões
Os palhações
E ainda tem recursos
Mas não consigo entender
Preciso compreender.

As autoridades competentes sabem do problema da violência
Conhecem os culpados
Conhecem os chapados
São cientes das origens
E não agem
Não fazem nada
Daí procuro entender
Mas não consigo.

Homens barbudos ou barbados causam terrorismo pelo mundo afora
Matam cristãos
Explodem-se
Em nome de "deus"
E ninguém faz nada
Todos de braços cruzados
Todos conformados
Procuro entender
Mas não consigo.

Sabemos das mais de 4,7 mil substâncias tóxicas presentes no cigarro
As quais são perigosas
São desastrosas
Causam câncer
Causam morte
Roubam a sorte
Mas ninguém liga
Procuro entender
Não consigo.

Assim a vida se vai...
A gente pouco entende
Ninguém compreende
Quase nada.

O DIA EM QUE SÂMIA ACORDOU MORTA

Dona Gilda teve apenas uma filha
Ou seja, Sâmia era sua herdeira única
Ela trabalhava costurando túnica
Até que...
Certo dia...
Foi dormir
E acordou morta
Quer dizer: amanheceu morta.

O mais intrigante é que Sônia
Sequer sentia uma dor na unha
Nunca teve chikungunya
E o laudo médico declara:
"Causa desconhecida".

É tanta gente perguntando à dona Gilda
Pela causa da morte
E ela fala:
- Minha filha foi dormir boazinha
deitou na caminha
acordou morta
nem tava torta.

Perguntam ao pai de Sônia sobre a morte repentina
O agricultor diz:
- Mia fia acordou morta
E quando cheguei da horta
Quase num acredito
De jeito nium.

Perguntam aos irmãos de Sônia
Eles respondem:
- Maninha foi dormir
Nem pôde se despedir
E acordou morta.

O que mais me chamou a atenção foi...
Que todos os familiares disseram que Sônia acordou morta
Mas realmente ela... não acordou
Foi o dia que amanheceu
Foi o dia que apareceu
Foi o dia que acordou-se.

QUEM DIRIA QUE BILLY GRAHAM MORRERIA EM 2018...

Quase um século
não faltou nada
e o evangelista americano
completaria cem anos
convertendo vidas ao Cristianismo
através de sua fidelidade a Cristo.

Foram mais de três milhões
arrastados a Jesus
por meio do canal
usado por Deus
o maioral.

Setenta e sete milhões de pessoas
assistiram pessoalmente o homem de Deus pregar
o Evangelho que liberta
que conserta.

Pregou em cento e oitenta e cinco países
quase todos
ouviram o soar da trombeta
através dos lábios ungidos
pecadores compungidos
em busca de libertação.

Nascido em 1918
falecido em 2018
falo do reverendo Billy Graham
o qual descansa agora no paraíso
lugar de sorriso.

O CANTO DA CIGARRA

Chegou a primavera
Ouço o canto da cigarra
Próximo à casa da Vera.

É o período da agitação
Os machos fazem canção
A fim de conquistarem as fêmeas
As quais depois de fecundadas
Põem ovos
E batem as botas
- Sério?

Sorte dos machos "garanhões"
Que possuem aparelho estridulatório no abdômen
Emitem sons para atrair as donzelas
Nos dias quentes
Esquecem das mazelas.

As cigarras têm orelhões
Isto é, um par de membranas
Para que o som fortíssimo
Não as danifique
- Sabia disso?

Faz calor aqui in Brazil
A cigarra canta alto
A fim de espantar o inimigo
A fim de machucar o ouvido sensível das aves
Doidas pra encherem o papo
Escondidas nas árvores
Esperando uma chance
De comer insetos.

Ouço o canto da cigarra
Parece que teve aula de canto
Parece que fez curso de música
Pois canta em todo canto
E encanta
O mal espanta.

BRINCANDO DE DADO

Vi duas criancinhas brincando de dado
Inocentemente ambas jogam o dado
De repente... deu o número um
E alguém gritava:
- Um dólar para mim.

Outra vez jogaram o dado para cima
Caiu o seis
Não o três
E uma delas falou alto:
- Seis mil reais só para mim.

Continuaram brincando com o dado
Saiu o número cinco
E com afinco
Ouvi:
- São cinco carros de luxo para mim.

De novo jogaram
Divertindo-se no quarto
Deu o quatro
E escutei:
- Oba! Quatro celulares só pra mim.

Mais uma vez jogaram
Veio o três
Não o seis
E a criança disse:
- Três mansões somente para mim

Por último o dado subiu
O resultado saiu
Foi dois
Ambas gritaram num só coro:
- Uma cédula para mim e outra para você.

O PARECER SUÍÇO

Quanta surpresa!
Terminei a sobremesa
Deixei a mesa
Liguei o PC
Dei de cara com o parecer suíço
A marca suíça
A cobiça
Para ler
E reler.

Soube que algum suíço visualizara
Soube que algum suíço valorizara
Deixando meu ser encantado
Deixando meu ser maravilhado
Que cheguei a bater palmas
Aplaudi.

Senti-me honrado perante o olhar suíço
- Sabia disso?
Não fique omisso
Tenha compromisso.

Sem palavras...
Tornei-me mudo sem saber agradecer
Ao povo chiquérrimo que ler
Versos humildes
Estrofes singelas
Mas... belas.

PERTO AQUI DE CASA TEM CADA PESSOA COM O NOME FEIO...

Conheço a Galinha-d'água
uma mulher bêbada
que tem a voz grossa
e cai na poça
ou na lama.

Também conheço a Colega
uma pessoa sem juízo
vive no prejuízo
vive na sarjeta
sonha com lombreta
mas não possui um centavo.

Não posso esquecer do Gatuno
um sujeito magro e alto
ele gosta de dar salto
reage assalto
é doidão.

- Ah! Ia esquecendo da Iletrada
uma senhora rica
que parece pobre
devido a sua humildade
aqui nas proximidades
faz todo mundo rir.

O Buscapé anda cachigante
ou caxingante
com as pernas cheias de hematomas
parecem sintomas
de doenças venéreas.

Ainda posso citar a Picolina
mulher que vive nas colinas
tem a cara de cachorrinha
não anda na linha
tem queixo de tamanco
parece que voa na vassoura
não é loura.

Preciso divulgar o seu Baé
o velhinho do boné
ele adora chibé
ele bebe que vira a perna
mora na taberna
onde o urso hiberna.

Pra terminar falo da dona Guiodai
que é corcunda
tão imunda
monstruosa
gulosa
teimosa
invejosa.

Ouso escrever somente mais esse...
O Mancada
que sofre de hanseníase
a lepra que consome seus membros
nem me lembro
dele sadio
mas agora é vazio
é vadio
doente
carente.

"EU NÃO TENHO MEDO DE NINGUÉM"

Conheci um certo rapaz
que vivia dizendo:
- "Eu não tenho medo de nada nem de ninguém".

O rapaz desafiava todo mundo
criava confusão com a vizinhança
pegava uma lança
e saía xingando
brigando.

O moço pensava ser de ferro
achava que era um super-homem
lutava até com lobisomem
(risos).

Onde ele estivesse
não tinha como evitar barraco
as garrafas viravam cacos
os copos em pedaços
... a maior quebradeira
no local da bebedeira.

Por último o jovem inventou de falar besteira
ou seja, ele desafiou a Deus dizendo:
- "Eu não tenho medo de ninguém... nem do cara lá de cima".

No dia seguinte...
O mancebo acordou-se com a mão na cabeça
morria de cefaleia
comprou comprido na farmácia da dona Rocicleia
não passou a dor
e bateu as botas.

O HOMEM DOMINA QUASE TUDO... MENOS A LÍNGUA

O ser humano domina os continentes
O ser humano domina as mentes
O ser humano domina as sementes
O ser humano domina os países emergentes
O ser humano domina as gentes
O ser humano domina as enchentes
O ser humano domina as serpentes
O ser humano domina os orientes
O ser humano domina os entorpecentes
O ser humano domina as vertentes
Mas não consegue dominar a língua.

O homem domina o sistema econômico
O homem domina o poder atômico
O homem domina o mundo astronômico
O homem domina o olhar biônico
O homem domina o problema crônico
O homem domina o monômio
O homem domina o binômio
O homem domina o trinômio
O homem domina o polinômio
Todavia não domina a língua.

Nós dominamos o idioma português
Nós dominamos o idioma inglês
Nós dominamos o idioma chinês
Nós dominamos o idioma japonês
Nós dominamos o idioma francês
Nós dominamos o idioma holandês
Nós dominamos o idioma escocês
Porém não conseguimos dominar a língua.

Eu domino Matemática
Eu domino Cinemática
Eu domino Informática
Eu domino Gramática
Eu domino Teologia Sistemática
Eu domino Estática
Portanto não consigo dominar a língua.

Por que nós temos o monopólio da voz
Temos o controle espacial
Temos o controle naval
Temos raciocínio
E não temos o domínio
De um membro tão pequeno
Que é a língua?

A GENTE RECLAMA DE TUDO

Chove muito
A gente reclama
E se faz muito sol
A gente reclama.

Temos duas pernas para caminhar
E reclamamos
Se for cortada uma
Reclamamos.

Faz frio
Vivemos a reclamar
Faz calor
Dobra o reclamar.

Temos um emprego
Lá vem reclamação
Caso estejamos desempregados
Triplica a reclamação.

Com dinheiro
Reclamamos
Sem dinheiro
Reclamamos.

Reclama-se da polícia que trabalha
Reclama-se da polícia que atrapalha
É difícil de entender
É de enlouquecer.

A gente reclama do dia
A gente reclama da noite
A gente reclama de tudo
A gente reclama do nada.

COMA FRUTA EM JEJUM

Comer fruta com o estômago vazio
faz bem à saúde
é uma ótima atitude
- Experimente.

Obedeça a receita certa
não coma frutas depois das refeições
coma antes
pois elas exercerão melhor o papel na desintoxicação do corpo
- Teste.

Quando você consome frutas após as refeições
depois fica queixando-se
dizendo que o estômago inchou-se
por que foste desobediente
- Não comeste antes...

Eis o segredo da beleza gratuitamente
não tome somente o suco
coma inteiro o fruto
com o estômago vazio e...
receba energia
peso normal
longevidade
não à obesidade
e sim à felicidade.

- Quer mais?
Então mastigue as frutas em jejum e...
evite cabelos esbranquiçados
evite explosões nervosas
evite olheiras
e calvície.

Se eu fosse egoísta...
guardaria essa receita no baú
ou venderia pra aumentar o saldo no Itaú
porém... isso não faz parte de minha índole
eu quero te ver saudável
e amável.

SEM BATIMENTOS CARDÍACOS

Nós somos mesmo frágeis
Nós seres humanos somos efêmeros
Nós somos ágeis
Somos hábeis
Repito: Somos frágeis.

Você sabia que...
Depois de poucos minutos sem batimentos cardíacos
Os neurônios de nosso cérebro começam a morrer
E consequentemente só nos resta o desaparecer?

É sério
Não é brincadeira
Segure-se na cadeira
Não caia para trás
Ouça a verdade.

Ore a Deus pelos seus batimentos cardíacos
Peça saúde
Pois se pararem de bater
Os seus neurônios do cérebro sofrerão
E em seguida morrerão
Podes crer.

O melhor é prevenir-se
Cuide-se
Faça a sua parte
Que farei a minha daqui.

ENGANADO COMI TEJO

- Eca! Comi carne de tejo...
Comi por que não sabia
Comi enganado
Comi o desgramado.

Viajei para Tejuçuoca
Chegando lá
Meu pai foi caçar
Papai matou o tejo
Mamãe preparou o almoço
E eu ainda bem moço
Nem percebi o alvoroço
Na hora de tratar
O teiú
Com quase dois metros.

Sentamos à mesa
Pus a carne no prato
Imaginei que fosse pato
Estranhei o cheiro
Estranhei o sabor
Mas... aos poucos acabou-se
Os pratos foram ser lavados
Passei palito nos dentes
E meu pai sorridente
Ou ironicamente
Ria da minha mente.

Já a mamãe continuava séria
Pois mãe é mãe
Ama cada filho com sinceridade
Ela não aprovava o engano, a desonestidade
Por isso veio até mim e cochichou:
- Você consumiu tejo.

Sempre tive más informações acerca do tejo
Sabia que ele cava os sepulcros e devora cadáveres
Sabia que ele é seboso
Sabia que ele é sebento
Ou seja, é nojento
- Eca!

Comi por que não sabia
Comi enganado
Comi o desgramado.

ORIZICULTURA

Graças a Deus pela vida dos orizicultores
os quais se dedicam à cultura do arroz
enquanto nós sentados assistimos O Mágico de Oz.

Se não fossem os rizicultores
o que seria de nós
sem os grãos
brancões.

Gosto mais de arroz
deixo de lado o feijão
pretão.

Do feijão eu aproveito o caldo
pois tomo um bocado
o meu saldo.

Acho linda a orizicultura
a rizicultura
a cultura
do arroz.

Admiro demais
a cultura do arroz
e nunca deixo pra depois
o elogio.

AS TRAQUINICES DE ISABELA

Isabela tem apenas seis anos de idade
Ela é traquinas
Ela arenga com as outras meninas
Ela insulta com os meninos.

Pense numa garota cheia de travessuras!
Ela rasga jornais, revistas, livros e gravuras
Ela não se aquieta
Derruba a bicicleta
Abre a torneira
E a deixa aberta.

Isabela é a criança mais buliçosa do vilarejo
Ela quebra o azulejo
Mata o percevejo
Engole moeda
Rasga cédula
E os pais riem.

Que bichinha danada!
Pegou o xixi
Derramou no aquário
Depois jogou o coitado do peixe dentro
Do líquido fedorento
E o pobrezinho morreu.

Num dia desses... Isabela empurrou a panela fervente
O caldo apagou o fogo
Sujou o fogão
Melou o chão
E por sorte não atingiu o corpo da peraltinha.

Isabela mexe com os gatos e cachorros
Eles não têm paz
- Sabe o que ela faz?
Quando os animais estão dormindo
A travessa pega uma vasilha com gelo
E joga nos inocentes.

Quando Isabela vai passar as férias no campo
A vovó e o vovô já ficam nervous
O casal de idosos adoecem
Eles quase perecem
Pois a neta é turbulenta
E quase ninguém aguenta
A pimenta.

Oh menina pra gostar de traquinar!
Adora sujar
Suja as paredes com tinta
Suja a sala com papéis
Suja os chapéus
Quebra os pincéis
Quebra as agulhas, linhas e carretéis.

Os pais só têm algum sossego
Quando Isabela vai à escola
Onde muda de comportamento
Onde possui outro divertimento.

Podemos perceber que os pais são culpados
Por não imporem a disciplina
Por não determinarem limites
E assim vão passando vergonha
Quando as pessoas veem as traquinices da filha e dizem:
- Esses dois são sem-vergonhas.

MORRENDO DE MEDO... OUTRA VEZ...

Sou consciente
Sei que medo é falta de fé
Preciso botar isso na mente
Guardar o meu pé
Para deixar de correr perigo
Por aí afora.

Só que as coisas perigosas e proibidas
Costumam nos tentar
Querem nos arrastar
Ao fundo do poço
Lá em Capitão Poço
Onde moram
Os meus parentes.

O medo
Chega bem cedo
Faz enredo
Depois sai pulando cercas
Fura-se nos arames farpados
- Quem é o culpado?
Ora, ora... Eu mesmo...

Quem me dera decapitar o medo
Então sumiria o segredo
Morreria o bêbedo
E haveria um pouco de sossego
Para um espírito acabrunhado
Que vive angustiado
Tão pelado.

Se eu escondesse de ti tais ideias
Estaria dando vez ao medo
Que faz-me pisar no bredo
Ou no gramado aqui do jardim
Onde cheira a flor do jasmim
Em plena primavera
A estação perfumada.

Oxalá que o medo fosse metralhado!
Completamente fuzilado
Para livrar-me do rosto angustiado
Da casa mau assombrada
Da caverna estiorada
Da história "mal dizida"
Do demônio escondido
E sucessivamente.

Medo de quê?
Medo de viver
Medo de morrer
Medo de sofrer
Medo de escuro
Medo de muro
Medo de amar
Medo de falar
Medo de pensar
Medo de sorrir
Medo de competir
Medo de tudo
Meu Pai do céu!

Queria apagar esse vocábulo do dicionário
Queria prendê-lo no armário
Com correntes de aço
Amarrar o pedaço
De medo
Me-do.

Quando sinto medo
Sinto-me covarde
Meu caráter arde
Saio de mim
Digo não
Ao invés de sim
Yes.

O medo tenta me persuadir
Ele é uma tentação
Que aperta meu coração
Não é ilusão
Mas é real
Algo anormal
Mais poderoso que a bomba atômica
A mulher biônica
A tonta
A sonsa.

Morrendo de medo... outra vez
Nesse mês
É demais
Não quero mais
Correr
Me esconder
E viver
Desconfiadamente
Desfiguradamente
Como se tudo estivesse perdido
Tudo partido.

Ainda bem que...
Escrevendo
Te vendo
Digitando
Perco o medo
Acordo cedo
E bebo
Um suco de frutas
Na gruta
Onde durmo
Mas não me enturmo
Ficando indiferente à sociedade
Ao barulho da cidade.

TORNEI-ME FELIZ

Já fui infeliz
Juntamente com o mundo
Juntamente com o mundo
Juntamente com o mundo.

Ontem fui frívolo
Ostentando felicidade
Ostentando felicidade
Ostentando felicidade.

Achava tudo sem graça
Acreditava em vão
Acreditava em vão
Acreditava em vão.

Ninguém me preenchia
Nada me completava
Nada me completava
Nada me completava.

Até que conheci alguém
A razão de meu viver
A razão de meu viver
A razão de meu viver.

Simplesmente tornei-me feliz
Sabedor do país de amor
Sabedor do país de amor
Sabedor do país de amor.

Orgulho-me duma flor
Olho o horizonte
Olho o horizonte
Olho o horizonte.

Uso de sabedoria
Um poder
Um poder
Um poder.

Zune o vento em minha direção
Zelo pelo sonho
Zelo pelo sonho
Zelo pelo sonho.

Aguardo resposta
Almejo yes
Almejo yes
Almejo yes.

Leio seus olhos
Lembro do paraíso
Lembro do paraíso
Lembro do paraíso.

Imagino nós dois em um
Invento um romance
Invento um romance
Invento um romance.

Mesmo te buscando à força
Mastigo chiclete
Mastigo chiclete
Mastigo chiclete.

Aposto como nós combinamos
Antes de nascermos
Antes de nascermos
Antes de nascermos.

INQUILINATO

Pense numa escravidão!
Pense na pior prisão!
Refiro-me ao inquilinato
que é um estado
de quem reside
em casa alugada.

Vida de inquilino
não é nada fácil
por que paga-se o aluguel
paga-se à Anatel
e o tempo voa
logo chega de novo
o dia de pagar
aO conta.

O inquilino paga o calção
- Perdão!
Paga o caução
paga a mensalidade
de repente...
chega o novo papel
do aluguel
registrado no contrato
bem assinado.

Sintamos na pele o aperreio
de quem enfrenta o inquilinato
pode ser nato
pode ser estrangeiro
não há escape
você vende a picape
para quitar a dívida
do aluguel.

Peça a Deus para te proteger do inquilinato
O qual gera assassinato
Caso tu sejas velhaco
Poderás cair no buraco
Totalmente fraco
Só os cacos.

É DANDO QUE SE RECEBE

Antes pensei que dar era perda
depois conheci o evangelho do Mestre
mudei de atitude
mudei de opinião
e dou de montão.

Doar para necessitados
significa ter rqueza
pois quem tem pobreza
não possui condições de ajudar
de dar.

Quando me disponho a dar
é como plantar
para futuramente colher
e poder escolher.

Quem é mão-de-vaca
apegado aos bens materiais
de repente torna-se restos mortais
e as finanças ficam aí
para os outros...

Como é gostoso distribuir!
Quão bom é contribuir!
E vermos o mundo melhorando
o povo a fome abandonando
enquanto nossos cofres ficam se esbarrotando...

Vamos dar
não vai faltar
saúde
prosperidade
amizade
paz.

É PÉSSIMO SER CHAMADO DE BURRO...

É péssimo ser chamado de burro
Ou melhor: é humilhante
Nada elegante.

Sabe aquelas pessoinhas que nunca aprenderam a ler
Aquelas que nem sabem assinar o próprio nome
Aquelas que não sabem fazer um "o com uma quenga"
Jamais aprenderam a escrever
São infelizmente chamadas de analfabetas.

São criaturas descontentes por dentro
Suas almas choram interiormente
Devido a pobreza de intelecto
Desconhecem o dialeto
Não escrevem "predileto".

Em alguma ocasião da vida
Os analfabetos passam por vexames
Na hora de rubricar documentos
Na hora de contar os alimentos
Doem seus pensamentos
E algum engraçadinho poderá falar alto:
- É burro (a)...

Quantos ininteligentes vivem complexados!
O complexo de inferioridade é cruel
Mais amargo que o fel
Rói por dentro como câncer
Que é incurável.

Pessoalmente você jamais me ouvirá
Alguém de BURRO chamar
Pois respeito
Ponho a mão no peito
Descruzo os braços
E vou alfabetizar
Quem não sabe ler
Nem ler.

Coloquemo-nos no lugar dum analfabeto
Ele não teve as oportunidades que tivemos
Ele não teve a sorte de aprender português com o professor Beto
E agora colhe o que plantou
Mas ainda há esperança
Enquanto há vida.

ORDEM CRESCENTE

Todo santo dia escrevo
Todo santo dia vejo
Quem visualizou
Quem me honrou
Com a visita de seu lindo olhar
O seu jeito de observar.

Todo dia abro o blog
Meu olhar corre logo para o mapa
Meu olhão esverdeado vai direto à numeração
De visualização
Das nações
Meus amores
Minhas flores.

Qualquer escritor se alegra
Ao deparar-se com os números subindo
Os números em ordem crescente
Isso dar prazer na gente
Isso enriquece a mente
É um incentivo
Para prosseguir
Escrevendo
E você lendo.

Qualquer leitor se entristece
Ao topar-se com os números descendo
Os números em ordem decrescente
Isso dar um murro na gente
Isso empobrece a mente
É um purgante
Desestimulante
Que destrói a escrita
Proibindo que você leia.

Nenhum empreendedor pensa em decair
Mas ao contrário almeja subir
Subir
Subir
Subir
Subir
Subir
(...)

CAMBALACHO

Aposto como o leitor leu "cambalacho"
pensou imediatamente na novela global
imaginou na mente qualquer mal
mas você não é alguém mau.

Talvez o leitor ao ler "cambalacho"
tenha pensado numa transação ardilosa
ou seja, em algo que induz ao erro
e leva a vítima ao enterro.

O Cambalacho em questão
é um macaquinho que crio
e gosta de tramoia, fraude, trapaça...
ele disfarça
ele se passa
de doido
mas é safado
é espertalhão
o bichão.

TORCENDO PARA ACABAR AS FILAS

Sei que os ricos não pegam filas
Sei que os ricos nem sabem o que é isso
Porém... os pobres são submissos
Isto é, sofrem nelas
Horas e horas em pé
Correndo risco
De assalto
De desmaio no asfalto
Do sistema ficar fora do ar
Do calor lhes matar
Da lotérica fechar
A conta não pagar
(...)

Engraçado que a gente vai pagar
Pega fila
Se for receber
Pega fila...

É fila no banco
Fila no hospital
Fila no terminal
Fila na escola
Fila da esmola
(...)

Entendo que fila seja sinônimo de organização
Mas... vejo isso também como opressão
Quando somos obrigados a ficar com fome, em pé, com calor...
Com intuito de enviar dinheiro para os outros
Que são parasitas.

É fila na igreja
É fila da cerveja
É fila da votação
É fila do coração
É fila no estádio
É fila na rádio
(...)

- Meu Deus! Onde isto vai parar?
Será que teremos gás para aguentarmos?

Todo dia torço para que venha o fim das filas
E já me alegro em poder baixar o aplicativo
Deixá-lo super ativo
E pagar
Online
Sem sair de casa
"Parece utopia
Mas é realidade
Na cidade".

Em breve
Faremos greve
E adeus as filas
Nas vilas.

LIBERTAÇÃO DA ESCRAVOCRACIA

Eu e você
estamos no mesmo barco
estamos aprisionados
por que não dizer a-cor-ren-ta-dos?

O Estado
o sistema
são cruéis
arrancam nossos réis.

A gente ganha pouco
pra pagar muito
imposto
sem gosto.

Correntes sufocam nossos pescoços
daí falta-nos liberdade
em plena modernidade
século vinte e um.

Como fugir do mundo escravocrata?
Alguém esconde a receita?
Por que você aceita?

Cansei de ser escravo
espremo cravo
fico bravo
com a carteira vazia
totalmente liso
nu com a mão no bolso
sem nada.

Eles... são eles... que adoram escravizar
pois seus corações de pedra
são diabólicos
são estrambólicos.

Temo o teor da escravatura
eu não tenho formatura
pois a vida é dura.

Grito por libertação
gritamos por libertação
da escravidão
da escravocracia.

NÃO TE ESQUEÇO NEM POR UM SEGUNDO...

Dirigindo o veículo
Vou pensando em ti
Até chegar em Paramoti.

Entro no banheiro
Ligo o chuveiro
Tomo banho
Com você na mente.

Vou ao cinema
Perco metade do filme
Nem sei mais do tema
Só pensando em ti.

Pesco no açude
O peixe puxa o anzol
Sou queimado pelo sol
Contigo na cabeça.

Estou na igreja
Ouço o sermão
Pula meu coração
E você na cuca.

Jogo handball
Às vezes football
Uso as mãos
Uso os pés
Uso o cérebro
Lembrando de ti.

Estudo na faculdade
Respondo a prova
Pois ela reprova
Mas você não me sai do crânio
Nem por um minuto.

Estou no local de trabalho
Sem querer eu falho
Só de pensar em ti
Todo instante.

Quando lancho penso em ti
Eu não te esqueço de jeito nenhum
Pode aparecer qualquer alimento
Porém tu não largas meu pensamento.

Deito-me morrendo de sono
Durmo e sonho
Com você.

CADA PESSOA QUE PASSA POR MIM DEIXA ALGO

Ah! Se eu fosse contar as pessoas que já conheci por toda a vida!
Acho que papel nenhum suportaria a contagem, os cálculos
Por que são tantos espíritos másculos
Quantos sorrisos femininos.

Certa jovem deixou sua marca em meu viver
Você poderá ver
O que hoje sou
Foi o que restou
Dos conselhos
Da donzela
Que era escritora
Quase doutora
Em escrita.

Um senhor sexagenário fez-me herdar a paciência
Ao dizer que isso é ciência
E a paciência
Gera a experiência.

Uma mulher alta e morena
Disse que carimbaria sua honestidade em minha pele
E até hoje
Desfruto disso
Gravei um disco
Vendo
Revendo
Não dou coice
Em ninguém.

Um bebezinho mamava no peito da mãe
Tinha um olho fechado e o outro aberto
O qual me observava
Então deu-me um sincero sorriso
Que ficou registrado
Aqui... Olha! Na mente...

Anastácio Dourado doou um livro para mim antes de falecer
Eu amo ler
Mesmo ao adoecer
Procuro ler
A herança.

Margarete Lima foi embora pra bem longe
Mas deu-me de presente uma pena com tinta
Que serve para produzir esse texto lido por ti
Ou aquele outro narrando a estória da Matinta
(Matinta Pereira).

A mamãe deixou o exemplo de perseverança
O papai deixou o legado
De confiança
De aliança.

Assim eu bem poderia citar os sete bilhões de terrestres
Os quais têm suas partículas de participação nas marcas
Pois uns construíram arcas
Outros comarcas.

Cada pessoa que passa por mim
Leva um pouco de mim
E deixa um pouquinho de si.

A MATUTAGEM DE FREDERICO E SEVERINA

Frederico e Severina nasceram no mato
Ambos cresceram na mata
E já meio velhos
Nunca tinham vindo à cidade grande.

Fiz-lhes o convite
O casal me atendeu
A dupla me agradeceu
Então vieram no ônibus comigo.

Chegando na metrópole
Arregalaram os quatro olhos
E Frederico assustava-se com tudo
Enquanto a esposa achava o cenário absurdo
Pois amava de verdade
O viver da roça
Junto à corça
À beira do rio.

O leitor nem imagina a vergonha que enfrentei
Fui obrigado a evitá-los
Pois os dois hóspedes admiravam-se de tudo
E todo mundo olhava pra gente
Até o gerente
Do lojão.

Logo providenciei as passagens do ônibus para que retornassem
Por que eles passaram do limite
Chamavam o pessoal da rua de cibite
Chamavam as mulheres de...
(Deixa pra lá)

Antes de irem embora
Frederico e Severina me aprontaram uma daquelas...
Os dois discutiram no interior de um shopping chiquérrimo
Sobre um avião que passava no espaço
Eu fiquei passado
Fiquei com o rosto amassado
Fiquei pasmado.

Frederico gritava dessa maneira:
- Olha Severina! Que bichão!
É um passarinho
Que fugiu do ninho...

Severina respondia:
- Não Fred! Esse bichão...
É um peixão
Que acabou de saltar do rio
E agora voa
Voa sem parar...

Nem preciso mais dizer palavra alguma
Você já concluiu
E minha alma sumiu.