terça-feira, 27 de junho de 2017

RECORDAÇÕES ME MATAM



Lembro da época
em que eu enxergava direitinho
conseguia enfiar a linha no buraquinho
da agulha
da Júlia
costureira
profissional
da zona rural.

Outrora eu comia rapadura
tão dura
mais que pedra
mais que ferro
pois eu possuía dentes fortes
os quais facilmente faziam cortes.

Antigamente eu andava léguas e léguas
correndo com as éguas
medindo com as réguas
não sentia incômodo no joelho
corria brincando com o coelho
nadinha de dor
nadinha de anador.

Relembro da comida temperada
um tanto salgada
mas a pressão arterial
prosseguia normal
enquanto hoje tomo remédio controlado
para hipertensão
que tensão!

Saudade daqueles tempos
quando nós brincávamos de perna-de-pau
corríamos pelas estradas
não havia acidente
não havia paciente
não existia violência
na inocência.

As recordações me matam
elas me atacam
pedindo paz
pedindo mais
da Organização das Nações Unidas
contra as feridas
da modernidade
da cidade.



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