quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

CANSADO DE SOFRER

 




Eu sou o André

Moro na rua

Durmo debaixo da ponte

Passo fome

Não tenho sobrenome

Meu apelido é lobisomem.


Algumas vezes peço esmolas

Daí ganho umas sacolas

Com alimentos

Com roupas

Com calçados

E outros.


Para completar a vida de miséria

Nasceram feridas em meu corpo

São erupções purulentas

E são lentas

Ou seja, me acabam aos poucos.


Nasci para sofrer

Carrego esse fardo

Talvez por que sou pardo

Um ser excluído da sociedade

Por isso sou obrigado a enfrentar a maldade.


Como o pão que o diabo amassou

Não sei até quando

E assim vou me evaporando

- Por que meu Deus?


Creio que já vivi o bastante

Gostaria de cessar essa vida

Tentar sarar a ferida

Tanto física

Quanto espiritual.


Oxalá que eu tivesse a liberdade!

Então viria a felicidade

Um punhado de paz.

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