Era uma vez...
Um pássaro cantador
que de manhã cedinho
tocava viola
no pé de ateira
e se rebolava
se alegrava
por ter o dom
o som
afinado.
O pássaro com penas coloridas
não sabia voar
por isso tinha o hábito de andar
tocar
cantar.
É claro e evidente
que o lindo pássaro
sonha muito sobrevoando
e chegando
próximo às estrelas
à liberdade.
O leitor pode notar
que usei o verbo no presente
na estrofe anterior
pois o pássaro não faleceu
é vivo
ainda canta
escancara a garganta
na alvorada.
O pássaro artista
bica a fruta
bica a goiaba
na gruta
e em seguida
vem ao pé-de-ateira
oferecer o show.
Ontem
segunda-feira
o pássaro apresentou uma canção inédita:
"Li o texto, mas nada entendi"
e o público ficou zonzo
desnorteado
desorientado.
O pássaro deu de presente uma pena
a cada ser que o assistia
como forma de pedir perdão
pela confusão
nas mentes.
Hoje
o pássaro cantou algo em inglês
depois uma música em espanhol
outra em japonês
e no final das contas
prosseguimos zonzos
- Não sou poliglota.
Amanhã
o pássaro não se apresentará
por que vai ao curso
por que vai ensaiar
as técnicas para voar.
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