segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

JOÃO PEDRO ALVES DE MELO

 





Não sei por que nasci

Bem poderia ter perdido a batalha

E jamais teria conhecido esse mundo canalha

Que me atrapalha.


Confesso que não gosto de viver

Só penso em morrer

Desaparecer

De vez

E nunca mais 

Ver gente

Em minha frente.


Cansei de ser 

Um humano ser

Uma alma vivente

Demente

Carente.


Estou enjoado da vida

Acabou-se o prazer de respirar

Não quero mais acordar

Nem te amar.


Foi-se o tempo de sorrisos

A alegria viajou

O momento lúdico se aposentou

E não gosto mais de olhar nos olhos

Viro a cara

Fujo das pessoas

Virei bicho do mato

O gato do mato

O rato.


Não preciso mais dormir

Nem amanhecer

Nem sonhar

Somente me apagar

Assim como a nuvem levada pelo vento.


Já chega de andar

Meio século é o suficiente

Fadiga é sinônimo da minha mente

E a serpente

Foi morta

Com a boca torta.


Não sei por qual motivo nasci

Bem poderia ter havido um aborto

Naquela época de dificuldade

Com falta de conforto

Tudo seria melhor.


Ruim é reclamar

Murmurar

Pecar

(...)


Não aguento mais...

O terror é demais

As veias se rompem

Os santos se corrompem

E me resta um copo seco

Sem líquido algum

Espírito nenhum

- Hum!


Resta-me um corpo seco

Um envelope rasgado

Um cérebro atrofiado

Um aviso "não se vende fiado"

E nada mais a dizer.


Eu me chamo João Pedro Alves de Melo

Portanto os mais achegados dizem "Pedrão"

Então...

Com razão

- Obrigado pela atenção!

Por ouvir o meu desabafo

Suportar o meu bafo.



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