Não sei por que nasci
Bem poderia ter perdido a batalha
E jamais teria conhecido esse mundo canalha
Que me atrapalha.
Confesso que não gosto de viver
Só penso em morrer
Desaparecer
De vez
E nunca mais
Ver gente
Em minha frente.
Cansei de ser
Um humano ser
Uma alma vivente
Demente
Carente.
Estou enjoado da vida
Acabou-se o prazer de respirar
Não quero mais acordar
Nem te amar.
Foi-se o tempo de sorrisos
A alegria viajou
O momento lúdico se aposentou
E não gosto mais de olhar nos olhos
Viro a cara
Fujo das pessoas
Virei bicho do mato
O gato do mato
O rato.
Não preciso mais dormir
Nem amanhecer
Nem sonhar
Somente me apagar
Assim como a nuvem levada pelo vento.
Já chega de andar
Meio século é o suficiente
Fadiga é sinônimo da minha mente
E a serpente
Foi morta
Com a boca torta.
Não sei por qual motivo nasci
Bem poderia ter havido um aborto
Naquela época de dificuldade
Com falta de conforto
Tudo seria melhor.
Ruim é reclamar
Murmurar
Pecar
(...)
Não aguento mais...
O terror é demais
As veias se rompem
Os santos se corrompem
E me resta um copo seco
Sem líquido algum
Espírito nenhum
- Hum!
Resta-me um corpo seco
Um envelope rasgado
Um cérebro atrofiado
Um aviso "não se vende fiado"
E nada mais a dizer.
Eu me chamo João Pedro Alves de Melo
Portanto os mais achegados dizem "Pedrão"
Então...
Com razão
- Obrigado pela atenção!
Por ouvir o meu desabafo
Suportar o meu bafo.
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