quarta-feira, 1 de setembro de 2021

SILÊNCIO ABSOLUTO

 





Olho para seus olhos

Você olha para os meus olhos

E ficamos em silêncio

Por uma eternidade

Como se a ociosidade

Fosse a carta magna.


Após três décadas

Lá nos encontramos olhando um para o outro

No mesmo lugar

Ao redor do mar

Como se o tempo fosse o mesmo

De quando iniciamos o silêncio.


As primaveras se vão

O calendário fica estragado

Enquanto nunca nos cansamos de olhar bem no olho

Bem na menina do olho

Olho verde

Olho castanho.


De repente...

Sai a manchete temporal:

" O tempo voou

Já se passaram dois séculos

E nada de papo

Apenas o rei domina

Vossa majestade

O Silêncio".


Meu olho esquerdo

Olha o seu olhar direito

Quando ponho a destra no peito

E assim... abre-se uma brecha no horizonte

Surge uma ponte

Subo ao monte

Onde prossegue o silêncio

A falta de comunicação

Nada de diálogo.


Em pé ainda no mesmo local

Olho por olho

Contabilizamos os dias e anos

E nos damos conta

De que atravessamos um túnel denominado Milênio

Portanto o silêncio 

Dita as ordens.


Ponho as mãos no bolso da roupa

Tento pronunciar uma letra com a voz rouca

Não consigo

Que coisa louca!


Prossigo até agora

Olhando seus olhos

Numa reciprocidade inexplicável

Tão inexorável.





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