Olho para seus olhos
Você olha para os meus olhos
E ficamos em silêncio
Por uma eternidade
Como se a ociosidade
Fosse a carta magna.
Após três décadas
Lá nos encontramos olhando um para o outro
No mesmo lugar
Ao redor do mar
Como se o tempo fosse o mesmo
De quando iniciamos o silêncio.
As primaveras se vão
O calendário fica estragado
Enquanto nunca nos cansamos de olhar bem no olho
Bem na menina do olho
Olho verde
Olho castanho.
De repente...
Sai a manchete temporal:
" O tempo voou
Já se passaram dois séculos
E nada de papo
Apenas o rei domina
Vossa majestade
O Silêncio".
Meu olho esquerdo
Olha o seu olhar direito
Quando ponho a destra no peito
E assim... abre-se uma brecha no horizonte
Surge uma ponte
Subo ao monte
Onde prossegue o silêncio
A falta de comunicação
Nada de diálogo.
Em pé ainda no mesmo local
Olho por olho
Contabilizamos os dias e anos
E nos damos conta
De que atravessamos um túnel denominado Milênio
Portanto o silêncio
Dita as ordens.
Ponho as mãos no bolso da roupa
Tento pronunciar uma letra com a voz rouca
Não consigo
Que coisa louca!
Prossigo até agora
Olhando seus olhos
Numa reciprocidade inexplicável
Tão inexorável.
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