segunda-feira, 12 de abril de 2021

VIDA DE GADO

 





Outra vez

repito a mesma ladainha

quando morre o príncipe

esposo da rainha

e a gente prossegue na rotina

na mesmice

de cada dia.


Passam gerações

vão-se os tempos

somem as estações

e nós 

pomos as mãos

nos bolsos

sem planos

de amanhã

levantarmos

a bandeira

da vitória

que mudará

a história

dos 

homens

ou mulheres.


Vivemos no curral

presos conscientemente

consumindo ração

e com razão

somos ferrados

vacinados

(...)


Nunca me canso de frisar isso

e enquanto eu tiver fôlego de vida

lutarei para ter um nariz livre

livre de máscara

poder respirar

o ar poluído

diluído

nos pulmões.


Às vezes

acho que estou me cansando de viver igual gado

(devo fugir)

só que meus pés estão amarrados

os olhos tampados

e somente Deus

poderá me socorrer

antes de...

morrer.


Ninguém ouve o meu mugido

o meu desespero

por detrás da cerca 

onde a seca

consome a forragem

o capim.





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