Quanta humilhação enfrentei!
Meu Deus!
Eu pegava o carrinho cheio de picolé
Saía pelas ruas perigosas
Gritando "Olha o picolé!"
Então os gaiatos me chamavam
Dezenas de gelados compravam
Mas... me enganavam
Não pagavam
E me ameaçavam.
Eu era obrigado a vender picolés
Para ajudar em casa
Pois meus pais não tinham ganho
E eu criava asa
Voava diante o sol escaldante
O medo da gangue
Que chupava o produto sem pagar.
O leitor já deve ter percebido
O quanto tive de prejuízo
Daí tive juízo
Abandonei a vida de vendedor
E hoje sou escritor.
Se não fosse a marginalidade
Talvez até o momento de agora
Eu lucraria com picolé
Usando meu boné
Para proteger-me do raio solar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário