Hoje estou chato
Não posso ouvir som algum
Nenhum.
Estou inimigo de barulho
Sou um entulho
Reina o silêncio.
A cabra berra
No pé da serra
E grito:
- Cale a boca.
O bebê chora no berço
Enquanto a vovó reza o terço
E solto o verbo:
- Cale a boca.
O pardal canta feliz no galho
Não busco atalho
E digo com raiva:
- Cale a boca.
O trovão fala após o relâmpago
Isso dói em meu âmago
Então disparo:
- Cale a boca.
O jornalista fala na tela da TV
Eu nada quero ver
E declaro:
- Cale a boca.
O vento sopra forte
Ele balança minha sorte
Daí expresso:
- Cale a boca.
Deus me aconselha
Ele cuida de minha sobrancelha
Caio prostrado
E eu calo a boca.
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