A batida foi cruel
O carro ficou só os queixos
Pensei ter sobrevivido
Mas... infelizmente
Era coisa da mente.
Quase nem acreditei
O acidente fizera eu falecer
Eu tive que morrer
Tão depressa.
De repente...
Surgiu tanta gente
Tanta polícia
Várias ambulâncias
Algumas lágrimas
E a senhora tristeza.
Morri de verdade
E o mais difícil
Foi ter que abandonar o envelope de barro
O depósito onde vivi por décadas
Até sofrer o fim por causa de carro.
Lamentavelmente
Minh'alma chorou pra se despedir
Meu espírito sofreu calado pra sair
E fui obrigado a deixar a terra
Os olhos que viam a serra
A guerra.
Meu espírito deu adeus
Minh'alma deu tchau
E foi a última vez que vi meu cãozinho dizendo "au"
Enquanto o gato "miau".
Lembro-me da alma abraçada ao corpo
Pois não queria se desligar
Mas... o espírito a arrastou
E amou
Flutuar
Ao céu chegar.
Quantas vezes
Morro de saudades do corpo humano
Dos cinco sentidos
Dos sonidos
Porém me conformo diante o gozo celeste
Distante de peste.
Oxalá que a gente jamais morresse!
Portanto devemos obedecer ao Criador
Quando não passamos de pó e cinza
Um sujeito ranzinza.
Foi difícil deixar o corpo físico
Quando me lembrava dos ente queridos
A família amada
A mamãe calada.
Você que está vivo (a)
Prepare-se pra passar também por isso
Você enfrentará a prática
(Talvez naturalmente)
Mais cedo ou mais tarde
Assim como o sol arde
O leitor deixará seu corpo para trás
Para trás
- Isso é demais.
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