quinta-feira, 18 de julho de 2019

DEBAIXO DO ALPENDRE

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Todos partiram rumo à capital
fiquei sozinho
num casarão
cheia de assombração
dentro do mato
onde mato
a coral
imoral.

Debaixo do alpendre
somente eu
um livro
um rádio
um celular
um dólar
uma caneta
uma escopeta.

- Não posso mentir
Deus está me vendo
então me corrijo
e digo que não tenho escopeta
é coisa do capeta
mas... disponho duma espingarda
e um punhado de mostarda
pra fazer chá
mais tarde.

Chega a noitinha
pego a redinha
deito-me
balanço-me
para espantar as visagens
ou melhor, o calor
e a dor
o medo
da solidão
que aperta
o coração.

Durmo
acordo
desato a corda
alguém concorda
não sei
arrepio-me
ouço um pio
- Piu!

Abro a janela
tampo a panela
fervo a água
faço chá de canela
tomo às pressas
faço compressa
e não vai embora
o calafrio
o frio
na barriga.

Debaixo do alpendre
nada me prende
meu espírito aprende
que viver a sós
é ganhar experiências
diante as tempestades
de la vida.

Grito em meio a floresta
coço a testa
espirro
e ninguém me ouve
quando como a folha de couve
para matar a falta de açúcar no sangue
- Por favor! Não mangue!


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