Peguei o papelão
Pus no chão
Deitei-me
Dormi.
Antes de dormir
Tive medo do rato
Da unhada do gato
Do ferrão
Do escorpião
Aqui no chão.
Tive saudade do colchão
Pois no chão
Vem a insegurança
O medo de barata
Do besouro da batata
Da aranha
Que arranha
Meu rosto.
No chão
Lembrei de pedir perdão
Ao meu irmão
Pois não sabemos do dia de amanhã
Se a gente amanhecerá vivo
De manhã.
No chão
A gente lembra da matéria que compõe nosso corpo
Lembra da cova do cemitério
Quão grande mistério
Inventado pelo Criador.
Ontem dormi no chão
Hoje não sei
E amanhã talvez
Eu caia humilhado no solo
Por viver sem colo.
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