Estamos atônitos
Olhamos para cima
Olhamos para baixo
Pego o contrabaixo
Toco uma canção
Que toca o coração
Das gentes
Das mentes.
Prosseguimos perplexos
Todos nós sem nexos
Ficamos complexos
Bem arrepiados
Sofremos de derrame
Isto é, nossos cérebros...
Romperam-se
Diante o perigo
Que se aproxima
Sorrateiramente
A semente
A serpente.
Quem me dera
Poder abrir olhos humanos
Porém há tantos desumanos
A ponto de...
Sabe...
É melhor ouvir
Do que falar
Não é?
Continuamos vendo o espaço
Depois o laço
E ninguém compreende mais nada
Perante a confusão
Atraímos a convulsão
Então...
Desce quente
Uma lágrima de sangue
Como se fosse o produto do vulcão.
Temos ainda bastante coisa pra chorar
Mas chorar mesmo de verdade
Sem falsidade
Correr do oeste
Ao leste
À procura de sossego
E de repente...
Trepa-se num morcego
O qual oferece uma carona
Mas... faço uma feia carona
Por ter medo
De acordar cedo.
Quanto embaraço, meu pai!
Quando pararemos de vacilar?
Quando estaremos a transformar?
Transformar o quê?
Ora, cara...
Necessitamos de metamorfose
Assim como faz a borboleta
Na maior naturalidade
Nos galhos secos da cidade
Ela voa
Sobrevoa
Pousa
Na lousa
Depois morre
Corre
(Nada de errado...
Foi proposital...)
Quisera eu abrir sua cabeça com chave
Reunir o conclave
Subir na nave
Até chegar em Urano
No novo ano
Escrito em algarismo romano
Com o sangue de uma lágrima.
Eu pessoalmente nunca derramei um choro desses
E você leitor?
Na realidade
Precisamos chorar sangue juntos
Para abandonarmos o egocentrismo
O individualismo
Que maltrata nosso interior
Símbolo do amor.
Caso alguém me veja chorando sangue
Confesso que não será a minha pessoa
Todavia poderá se tratar d'algum espírito superior
O qual sacoleja as glândulas lacrimais
Do jeito que nós balançamos o pé de caju
Na estação do outono
Enquanto as barrigas roncam
As salivas nascem...
Derramemos somente "umazinha" lágrima sanguínea
E quem sabe... o mundo desperte
Da peste
Do teste
Que nem sei
Se existe
Ou existirá
Em qualquer lugar
Do planeta maluco
Cheio de muco
De loucos
De roucos
De moucos.
O Mestre dos mestres chorou
Ele suou sangue
Mas não lágrima de sangue
Por uma gangue
Do mangue.
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