segunda-feira, 2 de abril de 2018
ESCREVENDO DE QUALQUER MANEIRA
Estive numa caverna
louco para escrever
então peguei um pedaço de carvão
risquei nas pedras
rabisquei nas paredes
borrei as redes
e como foi grande a falta de papel
de pincel.
Lá no deserto precisei escrever
escrevi com a ponta do dedo
escrevi na areia
quando o sol me queimava
ele me acabava
ele me cozinhava.
Dentro da Floresta Amazônica deu-me vontade de escrever
peguei barro molhado
escrevi numa pedra
algo que vivia guardado
aqui por dentro
de mim.
Durante a tremenda guerra
quis escrever uma mensagem
e pela falta de lápis ou caneta
fui obrigado a usar o próprio sangue das feridas
daí escrevi no caule das árvores
ouvindo o cantar das aves.
Na prisão do passado
estive atrás das grades
doidinho pra escrever
então peguei um resto de batom
escrevi com gosto
em belo tom.
Quando eu era tão pobre
precisei escrever para meu amor
não podia comprar caneta
então usei uma lapiseira emprestada
e escrevi em borrões
as coisas dos corações.
Depois pude comprar uma caneta
escrevi cheio de amor
escrevi coisas da paixão
escrevi coisas do coração.
O mundo evolui-se
hoje dei descanso à caneta e ao lápis
dei férias à pena
que pena!
Atualmente escrevo não na máquina de datilografia
mas escrevo usando leves teclas
jamais conhecidas pelos astecas
ou pelos maias e incas.
Agora sou moderno
usufruo de caderno
de teclado
de PC.
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