segunda-feira, 23 de outubro de 2017
SÃO DEZESSEIS ANOS DE DESERTO
Há pelo menos dezesseis anos
Que vivo no deserto
Engolindo poeira
Pensando bobeira
Alheio à sociedade
Cheio de ansiedade
E de saciedade.
Meus colegas são os pássaros, as plantas
Os peixes, as borboletas
As letras
Os papagaios
Os galhos
Os grilos.
Nenhum som vocal
Nenhuma voz no local
Mas apenas uso a vogal
Para riscar
E arriscar
Sair de mim
Sair daqui.
Sofro o fogo do sol
Parece que vai me assar
Que azar!
São dezesseis anos de fechamento
De trancamento
Sem discernimento
Da ética
Do certo ou errado
Quando desaprendo a ser gente
E penso em andar de quatro
Imitando o macaco.
Uma década e seis anos
Talvez seja um tempo de diferença tenebroso
Todavia o seu coração é que é maldoso
- Sabia?
Morar no deserto
Sem você aqui por perto
Deixa o meu olhar incerto
E não passo dum inseto
Com asas quebradas.
Ainda bem que existe o vento
Existe água
Que cura a mágoa
Neste terreno árido.
Dezesseis anos correndo perigo no deserto
Não são dezesseis dias
Enfrentando a onça, o jacaré
A maré
O chimpanzé
Que usa boné.
Sei que o leitor poderá viver também em seu deserto
Mas nem chega perto
Do meu campo desolado
Tão isolado
Que dar vontade de partir
Para morar numa ilha
Quem sabe a "ilha das serpentes".
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