quinta-feira, 13 de julho de 2017

AS JANELAS DO CORPO

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O despertador toca
São cinco e meia da manhã
Abro a janela do meu quarto
Ouço o programa do Torquato
O qual pede para o ouvinte
Abrir também as janelas do corpo
As janelas da alma
E eu... com bastante calma
Ponho o óculos
Para enxergar melhor
O nascer do sol
O papo do pardal que voa
Pousa na folhagem do girassol
Depois canta
Depois se espanta
Carrega fiapos para o ninho
Pego o leite ninho
Misturo com leite
Com água quente
Sinto o deleite
O sol fica quente
Fico ciente
Atendo um cliente
Sou carente
Sou cearense
Que tem uma bomba no peito
O qual fora eleito
Como depósito de poesia
Então fugi da nostalgia
Agora vejo a euforia
Dos javalis que andam em bando
Enquanto ouço a notícia de contrabando
Desligo o aparelho
O botão permanece vermelho
Daí corro à janela
Esqueço no fogo a panela
Volto à janela
Magoo a canela
Na ponta da mesa de mármore
Busco refrigério
Ligo pra farmácia do seu Rogério
O entregador traz pomada
Olho a validade
Está vencida
Falta de responsabilidade
Parece piada
Torro piaba
Olho as fotos do álbum
Contemplo atum
Dar água no paladar
Quero nadar
Quero navegar
Quero descansar
Quero sonhar
Com o mar
Fecho as janelas do quarto
Desligo o rádio na voz do Torquato
Fecho as duas janelas do corpo
Fecho os olhos
Cochilo
Durmo.

Sem olhos
Não vejo os brolhos.

Sem olhos
Não enxergo os molhos.

Ainda que eu feche as janelas do corpo
Vejo milhões de cenas
Na imaginação
Na ilusão
Nos sonhos
Nos sonos.




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