sexta-feira, 30 de junho de 2017
NEM UM COPO D'ÁGUA
Nonato veio do campo para a cidade
veio à procura de emprego
não trouxe nada
nem um prego
somente a roupa do corpo
e o desejo de trabalhar
mas só sabe capinar
roçar
pescar.
Nonato rachou os pés de andar
está cheio de calos
não quer descansar
não quer fumar
não quer furtar
ele pretende batalhar
ele precisa trabalhar
pois tem cinco filhos para criar.
Nonato praticamente vive perdido na metrópole
dorme nas calçadas
ver todas as palhaçadas
durante a madrugada
teme a malandragem
diz fugir da vagabundagem
diz que evita molecagem
e tem saudade da forragem
do gado
que fica do outro lado
do rio.
Nonato está passando necessidade
por que sem dinheiro é difícil na cidade
a fome aperta
a bala acerta
a noite é deserta
a visão é incerta
parece que nada presta.
Nonato diz que está pagando pecado
sofre no "purgatório" calado
o estômago está colado
ele tem medo de ficar abirobado
já vive barbado
vive assombrado
olha pro sobrado
dar um brado:
- Quero trabalho.
Nonato fica cada vez mais magro
não é mago
não tem afago
tem saudade do Iago
o caçula
que ficou com a mãe Sula
sem leite
sem enfeite.
Nonato vai voltar pra zona rural
vai voltar angustiado
vai voltar decepcionado
vai voltar sem nada
vai voltar com vergonha
vai voltar para plantar milho
depois comer pamonha.
Nonato conclui que a cidade é ingrata
pois os cereais consumidos
vêm todos do campo
e agora colocam grampo
ou seja, nem um copo d'água
nem um copo d'água
nem um copo d'água
deu-se ao caipira produtor
agricultor.
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