domingo, 21 de maio de 2017

ORELHÃO DESPREZÍVEL






Desprezo é o pior castigo que se pode dar
Digo por experiência própria
Quando sofri essa moléstia
Através de alguém
Que me obrigou a comer uma réstia
Para provar o amor
Com pudor.

Desprezaram o orelhão
Note que frisei o sujeito indeterminado
Pois estou consternado
Por causa dessa ação malévola
Praticada contra algo que só trouxe sucesso
E por que não dizer progresso.

Pouco entendo como chegaram a tal ponto
De estrangularem um objeto conspícuo
E estou bem cônscio
Do que falo
Não me calo
Me abalo.

Quantas vezes pedi socorro ao orelhão
Ele prontamente veio às pressas
Veio correndo com compressas
Nas orelhas
Que abanavam
Trazendo vento
E disquei os algarismos
Narrei o evento
Falei com o Bento
Do outro lado do mundo.

Ninguém mais cuida do orelhão
O mato toma conta
Quebraram a cara do infeliz
Não sente mais o cotonete, a ponta
Que fazia a limpeza tirando cera
E quantos falavam besteira
Usando o gancho
Isso mancha.

Chutaram o orelhão
Agora é surdo
Agora está mudo
Mas já foi tão sortudo
Quando corriam as loiras
Usando quase ceroilas
Para exibir-se aos calouros
Aos louros
Aos logradouros.

Resta a saudade do orelhão
Que usava aparelho auditivo
Ele era sensitivo
Agora vive na sensitiva
Tornou-se esquisito
Aqui em Quito
Onde uso o periquito
Pra conversar
Já que obtive o óbito
Do querido telefone público
Único
Amigo
Que segredava
Na briga
Da liga
Da Lica
Da Diva.


Nenhum comentário:

MEDO DE MIM MESMO....

  Olho-me no espelho fico espantado tão assustado. Corro para o quintal olho-me em outro espelho e lá vejo o mal. Repito a olhada do espelho...