quinta-feira, 4 de maio de 2017

BENEDITA E SUAS NOVECENTAS LAMÚRIAS



Conheci a bendita Benedita em fevereiro de 2003
Na ocasião em que estive concluindo certo curso
Na Universidade Estadual Vale do Acaraú
Onde adquiri o terceiro olhar
Aprendi a admirar a tonalidade azul
Apesar de encarar
E não encalhar
O sentido duplo da vida.

- Sentido duplo da vida?
Não compreendi
Não entendi.

Diversas citações da vida
Como por exemplo, a dualidade
Não dão permissão para escancarar-se a portinhola
Assim como temos acesso à carambola
Ou pistola.

- Desculpe-me a fugidinha do assunto!
Prometo continuar junto
E contigo tomar conhecimento da Benedita
Suas novecentas lamúrias
Contagiantes como fagulhas
Que descem dos raios furiosos
Dos tempos chuvosos.

Logo que vi a Benedita pela primeira vez
Fiz a primeira impressão
Ou seja, imaginei uma mulher quase angelical
Mas... Foi mau...

Benedita é o símbolo do murmúrio
Todo dia ouço o seu sussurro
Todo dia se maldiz do telúrio
Todo dia fala mal do advogado Lúcio
Todo dia reclama do Danúzio
E da dona Júlia.

Benedita produz murmurinho contra o céu
Benedita produz murmuração contra o chofer
Ela traduz o lamento
Ela amaldiçoa o próprio dia do nascimento
Ela é a cara do lengalenga de desgraças
E ainda contamina a pobrezinha da senhora Graça.

Infelizmente a Bené está virando uma ilha deserta
Ninguém quer ficar por perto
Nem o pinguço
Nem o dentuço
Nem o urso.

Ainda há esperança pra Benedita
Ainda há vento de mudança
Sei que é complicadíssimo
- Será que ela não se  cansa?
Pois ouvir novecentas lamúrias por hora
É melhor descer à cova.




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