sábado, 22 de abril de 2017

NUNCA MAIS VEREI AQUELA FISIONOMIA


Resultado de imagem para passageiro no onibus


Em algum dia da vida
Estive eu sentado no banco do coletivo
Indo em direção ao centro da metrópole
Quando de repente vi uma mulherzinha pela janela
Uma madame que não era da minha prole
E ela estava com um ferimento na canela
Sem falar nos olhos graúdos repletos de remela.

Aproveitei o máximo que pude
Para investigar o semblante caído daquela donzela
Que até abandonei a leitura de "A Pata da Gazela"
E fitei o olhar no nariz
Também no cabelo da cor de giz
Da desconhecida
Da desaparecida.

Aproveitei o possível para admirar aquela criatura
A qual vendia objetos de pintura
Ao pessoal que para no semáforo vermelho
Então tomei um supetão
Um espasmo no coração
Quando o ônibus aumentou a velocidade
A fim de chegar logo no centro da cidade.

O meio de transporte foi saindo, saindo, saindo...
Ele foi subindo, subindo, subindo...
Ele foi sumindo, sumindo, sumindo...
Até que retirei a cara da janela
Pois não pude mais ver o vulto dela
Ou seja, da mulher que vendia na esquina
Da Avenida Dona Maria Joaquina.

Engraçado que em poucos instantes
Gostei tanto dos traços daquela figura
Que imaginei um livro na estante
Em homenagem a fisionomia dela
A qual jamais verei outra vez
Por que dificilmente passo por ali
Onde aconteceu a tal cena.

Repito: Nunca mais verei aquela fisionomia
Ainda que eu buscasse apoio na astrologia
Sei que a vendedora ambulante desaparecerá
Ela se desmanchará
Algum dia
Daqui
(Cabeça).

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MEDO DE MIM MESMO....

  Olho-me no espelho fico espantado tão assustado. Corro para o quintal olho-me em outro espelho e lá vejo o mal. Repito a olhada do espelho...