Que adora comprar meias
Para os seus quase duzentos pares de pernas
Um pouquinho feias.
Lá vem a Doroteia
Usando azaleia
E mais parece um trem
Que descarrilha
Mas brilha.
Doroteia tem uma irmã adotiva
Que atende por Lacraia
Ela é tão emotiva
Casada com artrópode do Himalaia
O teto do mundo.
A centopeia Doroteia detesta entulho
O que faz a diferença
E não pega doença
Pois é rica
É higiênica.
Doroteia se dirige ao shopping para comprar sapatos
Imagine o trabalho da escolha
Ela anota numa folha:
Um, dois, trinta, quarenta, setenta, noventa, etc.
Vida de centopeia não é fácil
É duro pra fazer as unhas na manicure
É horrível o dissabor da pedicure
E quando chega a hora de por anéis para os festivais
A coitada só chega atrasada nos carnavais.
Quando a dama Doroteia está com fome
Injeta veneno da perna no frágil inseto
Ele permanece quieto
E nhac, nhac...
Agora a Doroteia pega uma enxada
Cava um buraco bem fundo no solo
E com a mão calejada, inchada
Deposita seus lindos ovos
Lindíssimos.
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