quarta-feira, 30 de outubro de 2024

DESSE JEITO VOCÊ ME MATA...

 





Alta madrugada

Quando canta o galo

Sinto falta do teu cheiro

Procuro-te pelo prédio inteiro

Dizem que sofreste um sequestro

Aí eu me descontrolo

A pressão arterial enlouquece

O coração dispara

Eu choro.


A viatura policial faz buscas

Meu pensamento enxerga milhões de coisas

Meu espírito vai até onde tu estás

Um anjo divino protege-te

Eu fico bastante nervoso

O tempo permanece tenebroso

- Amo-te.


Perigosamente saio por aí

Tomo uma porção de açaí

Preciso me tranquilizar

Devo me acalmar

Senão sofrerei um ataque 

Diante ao desespero

A sua ausência.


Madrugada escuríssima

Onde ronda o demônio desde à meia-noite

Quando corre o bicho lobisomem

E sinto-me um débil homem

Sem lenço

Sem documento

Sem sobrenome

Sem nome.


Nasci com escassez de sorte

Vejo a foice da morte

Desenhada na parede

Perto da luminária

Em posição de corte.


Desse jeito você me mata...

E ouço o miado da gata

Que deitada sobre o telhado

Paquera o macho

- Eu acho.


De repente...

Um helicóptero sobrevoa nosso apartamento

Solta você lá das nuvens

E pego-te nos braços

Aos abraços

Inéditos.


Desse jeito você me mata...

Quando faz brincadeira de mau gosto

Esconde-se na escuridão da mata

Enfrenta as garras dos guiopardos

Dos pardos

Dos medos.


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