"Odeio viver a vida
Melhor é partir de vez
É chato sofrer
Não sei pra que essa besteira de nascer
Se a gente precisa enfrentar os vendavais
Os dias maus.
Conto nos dedos os dias felizes
O restante foi de fracassos
Onde comi o pão que o Diabo amassou
A depressão por pouco não me matou.
Sei que resta pouco tempo para mim
O navio está prestes a afundar
Eu vou viajar
Para o lugar
Onde mortos jamais retornarão
Ai de mim
E do meu coração.
Falo tais coisas antes de sucumbir
Por que depois que eu subir
Ficará a carne pra terra devorar
Meu pessoal irá chorar
Mas Deus há de consolar.
Depois da partida
Não haverá mais jeito
Pode apertar o meu peito
Que nenhum som sairá
Se estarei a descansar
Das fadigas da vida.
Por favor! Peço encarecidamente que...
Coloquem meu corpo pra ser velado numa igreja
Onde seja confortável
Onde o ar seja agradável
Pois coisa ruim é ver defunto em espaço apertado.
Saibam que no velório estarei distante
Porém saberei que ali tem gente importante
Tomando chazinho, limpando as lágrimas com lenço
Um louco silêncio
A saudade severa
Que impera.
Espero vocês também
No além..."
Leonora jamais escondeu o desejo de morrer
Ela sempre publica essa vontade
Fala com humildade
Pede ao Dono da Vida que se apresse
Isto é, que retire o espírito de seu envelope
De seu invólucro
O qual almeja o sepulcro.
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