Toda vez que eu ia escrever até às três da madrugada
a safadinha
da muriçoca Zefinha
picava os meus pés
depois deitava-se sobre os papéis
sujando-os de sangue
não mangue
pois é sério.
A muriçoca Zefinha passava o dia dormindo
ou seja, preparando-se para trabalhar à noite
sugando o meu restante
de sangue.
Assim que eu sentava na mesinha
pegava a caneta e os borrões
logo sentia a agulhada
a injeção
no pezão.
Nem conto as vezes em que taquei a manzorra
a fim de matar a pobre Zefinha
todavia ela voava bem levezinha
e já ficando velhinha
tive dó.
De tanto doar meu sangue pra muriçoca Zefinha
acabei me tornando seu amigo
e meu corpo transformou-se num HEMOCE
salvador da vida insetífera.
Certa madrugada...
Ah! Como chorei...
Ao ver a Zefinha no necrotério
Ao ver a Zefinha no cemitério.
Não é que a minha filha de sete anos
Sem saber...
Deu uma mãozada de jeito
Bem no peito
Da querida muriçoca Zefinha
Causando-lhe a morte instantânea.
Percebi o quanto a vida não vale quase nada
Pois a bichinha num minuto estivera feliz me sugando
E num segundo virou defunta
Com as mãos juntas
Na urna.
Aprendi a lição
Ficou depositada no coração
E agora?
Para encontrar outra ladra de sangue tão amável?
Sei não, viu...
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