Quando eu era criança
Mamãe lavava as roupas no rio Maranguapinho ou Siqueira
Enquanto eu, meus irmãos e colegas tomávamos banho no vaso
Ou melhor, no raso
E jamais no fundo
Onde dava medo profundo.
Lembro-me como se fosse ontem
Quando escorriam as águas límpidas
Quando escorriam as águas transparentes
As quais matavam a sede de meus parentes.
Dava gosto pular no leito do rio
Dava prazer
Era o melhor lazer.
Atualmente não posso mais falar bem deste rio
Ele está poluído
Ele está roído
Ele está doente
Ele está carente.
Caso eu fosse nadar no tal rio agora
Sairia mais sujo
Sairia imundo
Pois desce o lixo do mundo:
Cachorro morto
Palito torto
Cuecas
Pererecas
Pneu
Androceu
Isopor
Lápis de cor
Papelão
Botijão
Plástico
Elástico
(...)
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