Mais outra vez
na metade do mês
paro um pouquinho
para observar um caracol
e não um porquinho
daqueles de botar moeda pela brecha.
Minuciosamente observo o caracol
que é um molusco
com pouco músculo
vive num corpúsculo
no crepúsculo
da vida.
Observo a concha tão fina do caracol
noto o pescoço sem cachecol
sinto pelo bafo que jamais usou aseptol
ele passou por cima da pele do braço da Carol
deixou gosma
também na Cosma
que rosna
na Bósnia.
Continuo a observar o trajeto do caracol
que anda mais veloz do que o trem bala
que quando embala
jamais para
para descansar
ou estacionar
(risos).
Lá vai o caracol
em direção ao paiol
à procura de vegetal
pois deseja limpar o local
ou seja, devorar tudo, tudo, tudo.
Engraçados são os chifrezinhos
os corninhos
tão sensíveis
tão visíveis
do caracol
que sobe no coqueiral
e invade o ninho do rouxinol
então o perco de vista.
Sigo as marcas dos pés do caracol
perdão
ele é ápode
perdão
de coração.
Como eu ia dizendo anteriormente
segui as marcas do caracol
segui o caminho deixado pela baba
cocei minha barba
a coceira estava braba
e achei o safadinho
bem escondidinho
no ninho
do passarinho
lá no alto do coqueiro
todo faceiro
todo bonequeiro
todo festeiro.
Não sei como o caracol subiu depressa na planta
deve ter acontecido um milagre
aqui no Acre
quando o molusco mais lento da história
sobe
sobe
sobe
e some
some
some.
Observo ainda o perfil do caracol
tentei olhar dentro de seus olhos
ele timidamente encolheu-se
ele escondeu-se
dentro da conchinha
toda a cabecinha
e ficou só o bolo
só o rolo.
Arranquei a carne do caracol do casco
botei o corpanzil num frasco
para evitar a fuga
só que ficou bastante feio
então com receio
coloquei tudo de volta
e o bichinho gritou:
- Me solta!
Por que você não tenta estudar também um caracol?
Garanto que será fantástico
será melhor que pesquisar plástico
ou assunto bombástico
que está na moda.
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