Que de início pensava ser um simples sinal
Ou algum outro sintoma
Talvez do glanuloma.
Feito o diagnóstico no INCA
Veio a notícia fatal
Não era apenas sinal
Era o mal.
Depois que este alguém soube do melanoma
Suas estruturas físicas foram abaladas
Suas amizades foram abandonadas
E agora resta o silêncio
O lenço
O choro
O soro.
Vem agora o arrependimento tardio
Sobram remorsos
Sobram ossos
Ao lembrar do pecado por omissão
Ou seja, não foi cumprida a missão
De passar o protetor solar
Quando ia passear
E banhar-se no mar.
Ah se pudesse voltar atrás!
Tomaria cuidado com a pele
Com a derme
Com a epiderme
E dobraria o carinho pela hipoderme.
Alguém está agora olhando as perebas do melanoma
E diz: "Por que logo eu?"
Mas não lembra que seu pai morreu
Do mesmo mal
Do mal genético
Que nem sei se é mesmo hereditário
Pois não sou especialista em medicina.
Só sei que alguém sofre nas garras do melanoma
O qual trabalha imitando o carcoma
Também o sarcoma
O mioma
O de mamas...
Coloco-me no seu lugar
Quero chorar
Quero desabafar
Quando faço quase nada pra te ajudar
Neste instante de desengano
Você entrou pelo cano
Vive há dois anos
Acabando-se aos poucos
E ainda vêm os loucos
Pra desanimar
Pra murmurar.
Sinto na carne o teu sofrer
Eu também posso adoecer
De melanoma
De algo mais feio, condiloma
E morrer
Né?
É duro fazer quimioterapia
É duro fazer cirurgia
E sei que a receita pra quem...
Está na pior
Chama-se JESUS
Morto na cruz
Pra nos dar luz.
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