O ano 2023 já está quase de mala arrumada
A população mundial já estava quase acostumada
E de repente....
- Adeus minha gente!
Vem vindo aí 2024
O qual também está aprontando as malas
Então abram alas
Coprem balas
(Bombons)
Faltam simplesmente
Quatro meses e cinco dias
Ou seja, cento e vinte e sete dias
Para darmos boas-vindas
Ao ano novo
E tchau pro velho.
Apronte o lenço
Nada de silêncio
É final de ano
Dia de barulho
Dia de orgulho
De fogos
De festas.
Ontem disse pra Deus:
- Já vivi bastante
Não sou mais como antes
Sou um frágil barbante
Que apodreceu
Quebra-se facilmente.
Na realidade
Viver meio século
É como viver uma eternidade
A gente atravessa desertos
Vai lá
Vem cá
E jamais se aquieta.
Não sei como alguns aguentam um século completo
Se meio século é tão cansativo
Não sou mais ativo
Passo pelo estreito
- Bote estreito nisso!
Declaro que meio século basta
Até já fechei minha pasta
Os documentos foram arquivados
Os testamentos foram assinados
Os medos assassinados
- E agora?
Vamos embora.
Eu me chamo Hamiltom
Ando meio estranho
Quando morro de nojo
Não dos outros seres humanos
Mas de mim mesmo
Do meu cheiro terrível de torresmo.
Tenho nojo do meu cheiro
O qual é pior que chiqueiro
Então evito o cinzeiro
Onde provoco.
- Que nojo horrível de mim!
Nojo do meu bafo
Nojo do garfo
Nojo do meu suor
Nojo do meu corpo.
Sinto-me igual a Jó
Quando sua mulher sentia o cheiro ruim
Das feridas
Das perebas
Cutucadas com cacos
De pedras
De tijolos
- Sei lá!
Não sou mais o Hamiltom de antes...
Sou um fedorento
Sou pulguento
Sou nojento.
As pessoas passam por mim
Elas tampam o nariz
Elas usam máscaras
Elas fogem das lepras
(...)
Eu também gostaria de fugir
De mim próprio
Provar a sensação de relaxamento
A ação analgésica
Do ópio.
Quem me dera ficar longe
Do nojo das minhas remelas
Do nojo da minha saliva
Do nojo da virilha
Do nojo da axila
(...)
Nunca pensei que algum dia viveria assim...
Como lixo
Como bicho
Num nicho
Desconhecido
Esmorecido.
Amar você
é o mesmo que entrar na guerra
desafiar todos os exércitos da Terra
(...)
Queria apenas gostar de ti
todavia eu sinto mais que isso
eu te amo
ainda que
seja perigoso.
Sei do desafio
que devo desamarrar os fios
preciso enfrentar o frio
da barriga.
Amar você
é mais complicado que subir o Monte Everest
correr de sul a leste
depois oeste
-Que teste!
Que peste!
Queria que fosse um simples sonho
porém há uma força da atração
a qual gruda o seu coração
ao meu.
O tempo vai passando
mais vou de ti gostando
- Perdão!
Mais vou te amando
embora seja perigosíssimo.
O vento sopra
traz seu corpo até mim
e declaro sim
o big love.
O vento sopra
leva-me até você
e a gente corre
perigo
do inimigo.
Você me investiga
eu te investigo
somos detetives
sujeitos aos deslizes
da vida.
Mesmo sendo perigoso te amar
eu desmaio no mar
querendo te buscar
no fundo
profundo.
Quando eu era criança
Mesmo sem saber nadar
Jogava-me no mar
Para banho tomar
E amar.
Na época da puberdade
Tive a liberdade
De cair em rios
Junto aos peixes
E apanhei feixes
De amor.
Na fase adulta
Os rios foram poluídos
As vidas foram diluídas
E restaram feridas
No coração.
Quando eu for ancião
Ainda lembrarei de rios
Rios que dão vida
Esperança
Amor
Paz.
Você desapareceu
Você adoece o coração meu
Você ama me castigar
Você sabe me machucar.
Todo dia tento te paquerar
Todo dia quero te filmar
Todo dia procuro em ti pensar.
O amor se escondeu
O amor me ofendeu
O amor não me entendeu.
Prossigo invisivelmente te amando
Prossigo invisivelmente te admirando
(...)
Dona Rajada
mora na beirinha do canal
e quando chove muito
vem a enchente
desabriga gente
(...)
A casinha de dona Rajada
é pequena
é simples
mas limpa.
Quando falta mistura para o almoço
Bebê Abóbora pesca da janela
pega piaba
pega cará
parece piada
mas... não é.
Dona Rajada
é uma pessoa alegre
apesar da pobreza
nem sonha com riqueza
pois o que importa
é ter saúde
ter paz.
Bebê abóbora
vive trancado em casa
evita sair pela rua
e por isso o chamam de "matuto"
ou "atirador de pedra na lua".
Dona Rajada
se preocupa com o futuro do filho
com uma profissão
com uma esposa
que não seja uma raposa.
Olho-me no espelho fico espantado tão assustado. Corro para o quintal olho-me em outro espelho e lá vejo o mal. Repito a olhada do espelho...
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