Vejo o peixe nadando no fundo do mar
Vontade dar
Também de nadar
Afundar.
Olho a borboleta cheirando a flor
Dar vontade de imitar
A rosa cheirar
Até não mais dar.
Contemplo o vaga-lume iluminando com sua luz à noite
Dar vontade de minha lâmpada acender
Para expulsar o escurecer
Que faz a gente nada ver.
Noto a lua se escondendo por detrás duma nuvem
Vontade dar de também me esconder
Ninguém ver
Ninguém.
Percebo uma minhoca se enfiando no barro mole
Dar vontade de me enterrar no solo
Nunca mais sentir calor de colo
Nunca mais.
Observo uma fumaça poluindo a atmosfera
Dar vontade de virar uma fera
Girar mais que uma esfera
E protestar.
Estudo a arte da aranha ao construir sua casa
Dar vontade também de produzir teia
Porém minha inteligência é meia
Nem chega perto.
Participo dum velório pela madrugada
Vontade dar de partir
Mas antes devo repartir
Algum bem contigo.
Recordo seu rosto através de uma foto do passado
Dar vontade de beijar
Beijar até amanhecer
E jamais te largar.
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