Pedro
olha a cozinha
enxerga um fogão à lenha
uma panela velha
colheres enferrujadas
latas amassadas
depósitos vazios
a maior escassez
a pobreza.
Pedro
vai ao quarto
deita na rede rasgada
olha o guarda-roupas
tem dó das roupas
sujas
fedidas
esburacadas
estragadas.
Pedro
vai ao banheiro
morre de nojo
da sujeira
da bagunceira
do papel higiênico rolando pelo chão
o vaso sanitário encardido
o chuveiro entupido
real abandono.
Pedro
transforma seu lar em sucata
compra ferro velho
vende ferro velho
negocia
se angustia
persiste
insiste
não desiste.
Pedro
pega as coisas sem valor
a elas dar valor
fica suado no calor
e com amor
perseverança
ganha alguns centavos
para sobreviver.
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