Todos os moradores do país chamado Thyalpper
Deixaram de assistir as programações da TV Funerária
Que apresenta desgraças durante vinte e quatro horas
Que mostra as mortes de senhores e senhoras
Que divulga as misérias da população.
A TV Funerária enche a boca ao falar de desastres
Ela parece ter prazer em revelar catástrofes
Ou fatos horripilantes
Os quais nem ousarei colocá-los nessas estrofes
Nesses singelos versos.
O povão cansou-se de notícias macabras
De assassinatos de cabras
De acidentes monstruosos
De covas dos orgulhosos.
A nação de Thyalpper
Enjoou-se de velórios
De caixões
De urnas
De velas
De catacumbas
De tumbas.
No final de semana
O pessoal ligava a tela
Lá estavam os quinhentos mil de defuntos da covid
Lá estavam os cadáveres expostos
Lá estavam os coveiros
Os serviços grosseiros
Os agoureiros.
Nem os feriados escaparam
Pois a TV Funerária jamais perdeu tempo
Quando se fala de sepultamentos
De cemitérios
De mistérios
De assombrações
De alucinações
De finados.
A TV Funerária já era
Por que agora o telespectador
Acordou
Do sono da negligência
Do sono da alienação
E reina a impaciência
Diante à pandemia.
Chega de túmulo
Chega de doença
De ambulância
De ganância
De hospital
De óbito
De vírus
Em Thyalpper.
A nação está vacinada
Todos pegam o controle
Não ligam
Ligam
Desligam.
Quem vai usar mortalha é a TV Funerária
A qual será uma ossada
Talvez uma múmia
E o leitor por nome de Epitácio
Disse que irá visitá-la
A fim de ver o epitáfio.
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