segunda-feira, 4 de maio de 2020

DESEJEI SER UM GAFANHOTO...


Gafanhoto – Wikipédia, a enciclopédia livre



Em meio a plantação de milho e feijão
pude descobrir um gafanhoto
talvez canhoto
que comia a folha
e bebia a bolha
de água
da chuva.

Ao perceber minha presença
o senhor gafanhoto tentou fugir
pensou que eu fosse lhe destruir
como fiz outrora
ou seja, cheguei a arrancar asas
pernas
braços
de seus
parentes.

Fui chegando mais pra perto dele
ele se encolheu todinho
morri de dó
lembrei que sou pó
e estudei o pobre inseto
tão indefeso.

Olhei bem fundo em seus olhos
eu o encarei
porém, o gafanhoto baixou a crista
não cantou mais
ficou tristonho
diante o meu tamanho
o poder da estatura
da criatura.

Confesso que comecei a chorar
tive pena demais do gafanhoto humilde
o gafanhoto desarmado
o pequeno invertebrado
o qual se esconde entre a folhagem verde
como se fosse um gigante
ou pesado elefante.

Perante a simplicidade do grilo
com perfil de corajoso
tornei-me invejoso
isto é, desejei ser um descendente
um gafanhoto coerente
que enfrenta um monstro
sem instrumento bélico.

Imaginei o gafanhoto tranquilo
ele não se preocupa
não tem culpa
não tem dívida
não tem dúvida
(...)

Vida boa
é vida de gafanhoto
que não prega um prego na barra de sabão
e não falta macarrão
nem pão
pra comer
com os filhotes
os fanhotinhos.

Nenhum comentário:

MEDO DE MIM MESMO....

  Olho-me no espelho fico espantado tão assustado. Corro para o quintal olho-me em outro espelho e lá vejo o mal. Repito a olhada do espelho...