Quase seco
Disponho apenas de areia
Sol
Veia
Três-sol
Terçol
No olho
Caraolho.
Estou pobre de água
Não tenho vegetação
Nem imaginação
Somente areias
Um par de meias.
Ninguém pra bater papo
Nenhum pássaro com papo
Só calor
Dor.
Alimento-me de vento
Que existe unicamente no pensamento
E quando durmo
Sonho
Tomando
Banho
Nas águas
Do rio Waskofrajocys.
Emagreço a cada minuto
Não sei das horas
Não tenho relógio
Não tenho biscoito
Nem suco.
Rolo na areia quente
Pareço serpente
Lá
E cá
À procura de sapo
Pra matar a fome
Que me consome.
Em meu deserto
Ninguém por perto
Nada de avião nas nuvens
Nenhuma pipa
Nem ripa
Pra cavar o chão
Em busca de H2O.
Jamais pensei que nasceria
Para morrer no deserto
Só o couro e os ossos
O feioso esqueleto
O graveto
Que desfaleceu
Com vontade de comer galeto
Ou tripa.
Quem ainda não conhece um deserto
Por favor venha me visitar
Seja turista
Seja altruísta
(...)
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