ATREVIMENTO

Cutuquei onça com vara curta
Desarmado entrei na luta
- Que disputa!

Investiguei gente endinheirada
Briguei contra a corrupção
- Olha o ladrão!

Pesquisei acerca da mensagem subliminar
Descobri o controle de um único olhar
- Que medo!

Andei por terras proibidas e perigosas
Comi duzentas frutas tão gostosas
- Ué!

Aticei as brasas do fogo da fogueira
Queimei o dedão
- Sou meio doidão!

Matei uma cobra disfarçada
Zerei a vida da desgraçada
- Quanto nojo!

Tentei viajar para Marte
Quase fiz uma arte
- Meu Deus!

Desafiei o Criador do mar
Isso só fez me angustiar
- Jamais!

Pensei em coisas indevidas
Abriu-se mais e mais o buraco das feridas
- Que dor!

Imaginei-me dois meses sem dialogar
Alguém quis me estrangular
- Socorro!

Buli com o enxame de abelhas
Elas por pouco não me mataram sobre as telhas
- Que terror!

Naveguei profundamente pela internet
Cortaram meu pulso com canivete
- Ai!

Mostrei um pano vermelho pro boi
Ele não disse "oi"
- Saí voado!

Visitei o Senado brasileiro
Lá parece um chiqueiro
- Que fedor!

Quis pular carnaval
Veio o maior tiroteio
- Fiquei de escanteio!

Procurei não ser atrevido
Mas isso não entra pelo meu ouvido
- Vem a transgressão!