CÓCEGAS

Sinto saudades
De quando brincávamos
De quando nos acocávamos
Debaixo do pé-de-jambo
E o macaco fazia papel de Rambo
Pulando de galho em galho
Lindo trabalho
Irracional.

Velhos tempos se foram
tempos bons
tempos inesquecíveis
onde caíamos na areia
sujávamos as meias
os sapatos
deixavam os rastros
depois mamãe vinha brigar
reclamar
dos gastos.

Época que jamais voltará
éramos infantis
não havia maldade em nossos corações
apenas meras ilusões
eram desenhadas no cenário
da vida inocente
mentes
sadias
vadias.

O passado traz recordações
ruins
boas
broas
devoradas por nós
à beirada do rio Waskofrajocys
águas límpidas
cheiro da natureza
longe de Fortaleza
onde o rouxinol cantara
a mais incrível canção
de cortar coração.

Às vezes
nos agachávamos com medo do barulho das matas
medo das panteras
medo das crateras
porém... nada era perigo
nem o castigo
ao chegar em casa
pela demora
ora, ora...

Quem me dera poder voltar ao tempo
tempo de pureza
que belezura
subir às serras
enfrentar as guerras
caçando bichos
tatus
anuns
atuns
(...)

Relembro quando brincávamos de cócegas
parecíamos mais o saci-pererê
em busca de rolinha de fumo
em pleno sertão quente
da região nordeste
localidade cearense
(...)