Mais uma vez
economizo voz
pois estou afônico
e atônito.
De tanto falar
fiquei rouco
quase mouco
e louco.
Estou parado
tão calado
nada digo
prossigo
em silêncio.
Uso somente gestos
sou mudo
surdo
cego
em meu ego.
Nada de telefonar
nem gritar
nem cantar
ou fofocar.
Eu sou uma pedra
que não tem fonema
não vai ao cinema
para cochichar
ou murmurar.
Chega de tagarelar
eu quero descansar
as cordas vocais
não soletrar
não ler vogais
apenas a boca calar.
Economizo o monopólio da voz
pego a bros
vou voado ao circo
sempre sem falar
nem rir
sorrir.
Tranco a garganta
sou anta
que não diz
sou perdiz
que não canta
mas mal espanta.
Sem voz
economizo-me
economizo teus tímpanos
e ganho respeito
ao evitar calúnia
que fere a múmia.
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