Agosto de mil e novecentos e setenta e três
Noite de lua cheia
Em Serrote do meio
Midnight.
Ouve-se o grito vindo na estrada
A população acordada
Totalmente assustada
A pele arrepiada.
Ouve-se o tropel
O medo toma conta
A cachorrada late
Enquanto o bicho chega pra mais perto.
Todos os moradores esperam a passagem do monstro
Eles e elas olham pelas brechas das portas
Quando de repente...
Passa o boca-torta
O lobisomem
Isto é, o homem
Que virou assombração
Na região.
O homem-lobo passa rapidamente
Sai arrastando latas
Entra nas matas
Encontra o caçador
Acha o matador
Que prontamente
Usa a mente
Ou seja, mete bala no miserável bicho.
No dia seguinte...
Não se fala doutro assunto na localidade
Corre o boato da morte do lobisomem
Só que... o caçador testemunha dizendo que apenas quis amedrontá-lo
O tiro foi de raspão
E o lobão
Deu um rasgão
Depois fugiu.
Alguém sentiu a falta do seu Sebastião
Foi-se a casa dele
Onde estava com o braço esquerdo engessado
E o povão ficou intrigado
Pois seria muita coincidência
O homem aparecer ferido
Após o acontecimento.
O caçador visitou seu Sebastião
O qual tremeu nas bases
E gaguejante falou que sofria de gases
Enrolou-se todinho
Mordia um pedaço de toucinho
Para disfarçar.
O caçador desafiou seu Sebastião:
- O senhor vira lobisomem?
O sexagenário avermelhou-se
Pegou um facão
Saiu da razão
Correu atrás do visitante.
O caçador espalhou a notícia rapidamente
Afirmou ser o lobisomem cearense
O seu Sebastião
Pois o ferimento era no braço esquerdo
E o velhote realmente
Tem cara de bicho
Corpo peludo
As costas arranhadas
De espojar-se pelo chão
Quando vira o demônio
Da meia-noite.