terça-feira, 17 de julho de 2018

JÁ PERDI AS CONTAS


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Ontem completei setenta e quatro anos de vida
Já perdi a conta
Das vezes que escovei os dentes
Das vezes que usei o creme dental
Das vezes que usei a fita dental
Das vezes que fiz canal
Das vezes que usei flúor
Das vezes que fui ao dentista
Das vezes que fiz restaurações
Das vezes que fiz implante
Das vezes que usei prótese
Das vezes que extraí.

Setenta e quatro anos de vida
Não são quatro anos
E já perdi a conta
Dos banhos
Dos ganhos
Dos sabonetes
Dos tapetes
Dos xampus
Dos condicionadores
Dos barbeadores
Das toalhas
Das talhas
Dos sabões
Dos chuveiros
Dos chãos
Dos ralos
Dos talos.

A gente ter setenta e quatro anos de idade
Não é brincadeira
Por isso perdi a conta
Das baladeiras
Dos fracassos
Dos frascos
Das tristezas
Das besteiradas
Das belezas
Dos ódios
Das fraquezas
Das traquinices
Das meninices
Dos desencontros
Dos encantos
Dos barrancos
Dos barracos.

Aos setenta e quatro anos como ser vivente
Já perdi a conta
Da grana
Das damas
Das camas
Das escamas
Dos cheques
Dos leques
Das paixões
Das ilusões
Dos empregos
Dos apegos
Das assombrações
Das canções
Dos medos
Dos segredos.

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