Lembro-me como se fosse hoje
quando tocava no volumoso livro do conterrâneo Domingos Olímpio
(Luzia-Homem)
e pensava ser incapaz
de produzir alguma obra
acerca da cobra.
Sei que eu era inocente
quase nada tinha na mente
mas plantava a semente
ao ler as páginas áureas do sobralense
do cearense.
Mesmo menino do buchão
sonhava escrevendo milhões de romances
sobre lanches
sobre nuances
sobre lances.
Lembro duma vez que ganhei o livro "Helena" do Machado de Assis
e quis comê-lo
mas só consegui moê-lo
depois de duas quinzenas.
Por sorte os meus familiares profetizavam coisa boa a meu respeito
e diziam que eu seria escrivão
(eles se referiam a escritor, pois não tinham leitura)
daí ardia algo forte em meu peito
deitado no leito
criava cenas
letras
sílabas
frases
textos.
Eu fui um adolescente doido pelo "O Quinze" da Rachel de Queiroz
mas tive que enfrentar o algoz
o qual tentou me impedir
e tive que pedir
energias a Deus do céu.
Às vezes quero interferir no futuro de meu filho único Demóstenes
querendo obrigá-lo a ser escritor
só que ele diz:
- Papai, eu tenho cinco aninhos de idade
e quando ficar rapaz serei leitor
não escritor.
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