O ladrão vem e não avisa
somos pegos de surpresa
ele vem e amarra a presa
leva o relógio de pulso
leva o relógio de parede
leva o dinheiro
leva o cinzeiro
mas não consegue arrastar as demais riquezas:
A geladeira
a pãozeira
a penteadeira
a saboneteira
o armário
o dicionário
o espelho
o escabelo
o cabelo.
O ladrão de galinha vem e leva mesmo a galinha
o galo
o ralo
a franga
a franja
o pinto
o cinto
a pata
a gata
e dar uma rata
esquece o pardal
esquece o pedal
esquece a vassoura
esquece a tesoura
o fogão
o botijão
o feijão
o cão.
O ladrão chega de mansinho e de madrugada
pois sabe que a casa é alugada
sabe que é a hora do sono pesado
sabe que a casa tem empregado
que acorda cedo
vive enfadado
cansado
ronca
acorda
mas não dar bronca
com medo do três oitão
disparar bem no coração.
O ladrão de colarinho branco tem mais sorte do que o de galinha
por que pode roubar até mesmo o trem todinho na linha
pode esvaziar o cofre público
pode desviar bilhões
pode desviar milhões
pode sonegar imposto
pode assaltar a verba da saúde, do posto
e não dar em nada.
O ladrão elitizado ou intelectualmente refinado come o money do povo
e o povo é quem paga o pato
vendendo sapato
lavando prato
lavando roupa
lavando louça
para pagar o crime.
O ladrão que tentou entrar pelo telhado da minha casa não teve sorte
pois o miserável subiu o muro e levou um tremendo corte
em alguns vidros
quase viu a foice da norte
e ainda assim estavam atentos os meus ouvidos
às duas e meia da madrugada
quando os versos me livraram
a gatinha Cearazinha estava acordada
fazendo o papel de vigia
enquanto mia.
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