sexta-feira, 26 de maio de 2017
O HOMEM DO BRAÇO MIRRADO
Estava eu andando pelas ruas da megalópole
Quando de repente... Barroei num senhor com semblante abatido
Esqueci do corre corre da metrópole
Esqueci do trânsito agitado
Esqueci do engarrafamento
Esqueci do atropelamento.
Eu e o senhor esquisito ficamos paralisados por dez minutos
Ele jamais tinha me visto e vice-versa
Ele não puxou sequer uma conversa
Então fiquei desapontado
Fiquei desorientado
E assustado
Corri.
Sentei-me num banco de praça da área conurbada
Minha cabeça tão perturbada
Não entendia nada
Do que se sucedia
E por que não entendia?
Sentado no banco
Olhei de soslaio para o senhor desconfiado
Ele todo atarentado
Completamente desnorteado
Olhava-me também obliquamente
E aquilo me deu cefaleia
Dor na mente.
O homem me olhava de um jeito estranho
O homem me observava com o olho castanho
E tive que disfarçar
Ao céu olhar
Desviar
O mirar.
Veio-me à mente que aquele indivíduo seria fugitivo do manicômio
Porém... Não correria o risco de julgar erroneamente
Vai que tratava-se dum ser dolente
Um espírito demente
Um paciente
Um cliente.
O leitor bem sabe que a mente da gente é mui fértil
Imagina algo febril
Imagina o brinde de abril
Imagina coisa inacreditável
Coisa maleável
Etcetera.
Briguei comigo mesmo
Queria saber o motivo da desconfiança do homem desconhecido
Queria saber por que o destino marcara o nosso encontro trágico
- Seria aquele sujeito um mágico?
Querido telespectador!
(risos)
Como batalhei para desvendar o mistério!
Eu quis abandonar o meu ministério
Eu quis descartar o diaconato
Eu senti-me pior que o rato
Quando fitei o meu olho verde direito
(falo direito por que enxerga melhor)
Direto no braço ressequido
Direto no braço encolhido
Bem no centro do braço consumido
Bem no fundo da ferida
Pus sal na ferida
Assim como nos poros do sapinho
Do Acaracuzinho:
Interior do Ceará.
Lembrei da cena de uma cachorrinha
A qual fora abandonada na rua por uma família
E a bichinha tem o olhar inseguro
Além disso é pé-duro
Dar o maior duro
Morando detrás do muro
Enquanto os donos estão no ar puro.
Pelo visto
Os seres vivos abandonados
E desprezados
Pela sociedade capitalista
Materialista
Consumista
Por unanimidade
Têm os olhos agachados
Desconfiados
Angustiados.
Se eu soubesse que aquela pobre alma humana
Carregava o complexo de inferioridade
Escondia o braço mirrado dos óculos da cidade
Jamais eu teria peitado
- Juro que...
(lágrimas)
Eu não teria rejeitado
Alguém que poderia ser eu
Um parente meu
Um filho seu
E confesso que o organismo adoeceu
Ao pensar que fui rude
Não fiz o que pude
Para acalentar
Para desabafar
Para desafrouxar
A dor
O terror
O temor
O horror
Do senhor.
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