NORTE-AMERICANOS

Quando abro o blog
Corro para ver as páginas visualizadas
Vejo as marcas dos Norte -Americanos
Que espertos como os pelicanos
E fortes como bicos de tucanos
Não medem distância
Leem com ânsia
Os meus humildes poemas
Referentes as arenas
Onde os cristãos eram estraçalhados pelas feras
Durante as férias.

Orgulhosamente ponho os óculos para ver melhor
Quase desacredito
- Será verossímil?
Os Nortes- Americanos são responsáveis por 239 visualizações
Somente na semana
E isso emana
Perfume
Agradabilíssimo.

Nem os meus conterrâneos Sul-Americanos se importam assim comigo
Quando na semana são apenas 35 visualizações
E será que não dói em seus corações?

É verdade que "profeta de casa não tem honra"
Porém fiquei honrado
Ao ver a consideração
Ao ver a lição
Que deram os Norte-Americanos.

DOMINGO

Chega domingo...
Penso logo no sol
Observo o girassol
Caio no mar
Admiro o pomar
Brinco com as ondas
Preparo alimento no microondas
Faço castelo na areia
Desenho uma sereia
Pesco sardinha
Dou uma comidinha
Viajo no navio
Acendo a lamparina no pavio
Provo água salgadíssima
Procuro a vitamina gostosíssima
Enfrento o vento
Mudo de movimento
Percebo o golfinho
Vejo um tubarãozinho
Sinto medo
Corto meu dedo
Fisco peixe
Busco pau ou feixe
Retiro as escamas
Tiro as lamas
Atiço o fogo
Solto fogo
Sobe a fumaça
Chego em Mombaça
Visito a saleira
Pego a vasilha ou saleiro
Tempero o lanche
Participo dum lance
Passa a semana
Vem outro final de semana
Surge outro domingo
Marco a cartela do bingo
Sonho com as férias
Sonho com pessoas sérias
Bato o ponto
Tenho desconto
Pulo a muralha
Admito minha falha
Encho o balde
Vejo que tudo é debalde
Adormeço no colchão
Durmo no chão
Abraço o cachorro
Devoro churros
Beijo alguém
Tenho ninguém
Aparece novo domingo
Chove apenas um pingo
Passa o dia
Ouço melodia
Passeio na avenida
Escrevo pra família querida
Frito ovo
Grito ao povo
Leio jornal
Acho-me normal
Tomo sorvete
Lavo o tapete
Flutuo no espaço
Rabisco papel almaço
Chega domingo...

TINTA GUAXE

Preciso urgentemente de tinta guaxe
para colorir o arco-íris
para colorir a minha íris
para colorir a tua íris
para colorir a bílis.

Vou comprar tinta guaxe
para namorar a aquarela
para pintar a Cinderela
para pintar o jeito dela
para pintar a cancela
para pintar a janela
para pintar a panela.

Vou passar a tinta guaxe
no seu rosto
no meu gosto
no meu rosto
no seu gosto.

Acho que uns dez tubinhos de tinta guaxe
dar pra pintalgar
o seu olhar
o seu andar
o seu sonhar.

- Oh! My God!
não posso acreditar.
Que erro ortográfico feio!
Ninguém me avisou
quando digitava sem freio
escrevi incorretamente "guaxe"
(denominação de uma ave)
quando deveria ser "guache"
e agora morro de vergonha
nem sei onde enfiar a cabeça
antes que adoeça.

PERIGO DOS APELIDOS

Acho que você ficou sabendo do garoto de apenas doze anos
Que tirou a própria vida por causa dum apelido
Que o deixava por dentro totalmente ferido
Quando os colegas da escola o chamavam de "gordinho"
Talvez tonel, botijão, elefante, barrigudinho...
Sei lá!
Só sei que ele se matou enforcado
Em Vitória
Deixando escrito algum recado
Sobre sua história
Sobre sua trajetória.

Viu como o bullying é perigoso?
Apelido é venenoso
E tem aluno verminoso
Que não vive sem essa prática.

Lembro-me da infância
Quando os meus irmãos criaram a minha alcunha
Que era jabota ou pupunha.

Lembro-me ainda da Paula dos Anzóis
A qual cometeu o suicídio
Por causa do apelido "baleia"
E olha lá que ela metia a peia
Nos engraçadinhos que a enfrentavam.

Como acabamos de ver
Apelido:
Perigo!

DIFICÍLIMO ENTENDER AS PESSOAS

Se vivo na praça
Achando graça
Sou vagabundo
Corcunda
Mas se... Não saio de casa
Sou matuto
Astuto
Com vergonha do cocuruto.

Caso eu use roupas de marca
Com desenho da barca
Sou esnobe
Mas se... Eu botar uma roupa simples
Sou cafona
Parecido com antiga sanfona
Bem carona.

Se gasto muitos dólares
Sou pródigo
Que usa código
Mas se... Economizo sempre
Sou mão-de-vaca
Uma paca
Enfiada na estaca.

Caso eu coma bastante
Sou glutão
Comelão
- Perdão! Comilão
Mas se... Como pouco
Sou frouxo
Chocho
Roxo.

Se eu escrevo devagar
Sou tartaruga
Em fuga
Mas se... Escrevo rápido
Sou antipático
Fanático.

- Dar pra entender as pessoas?
Acho que elas querem endoidar a gente
Com suas mentes férteis
E o cérebro inteligente.

NÃO ESTOU NEM AÍ ...

Certo colega me falou que algum internauta
Poderia copiar meus poemas
E falei pra ele que não estou nem aí...
Por que não sou egocêntrico
Escrevo algo excêntrico
Pensando na unanimidade
Pensando na humanidade
Que ama ler
Assim como adoro escrever.

Até minha companheira Chris Paiva
Teve a ousadia de dizer que eu corria sério perigo
Ou seja, de furtarem meus textos
De inventarem pretextos
Para raptarem os contextos
E na ponta da agulha respondi a ela que...
Não estou nem aí
Eu quero é rir
Eu quero é ser feliz.

Minha genitora agora mesmo... Neste exato momento
Quando faltam dez minutos para as duas da madrugada
Encontra-se aqui ao meu lado assustada
Mas tão espantada
Querendo saber o que escrevo tanto
E falando da possibilidade que há de tomarem minhas poesias
Então expliquei contente
Que não nasci pra semente
Não estou nem aí...
Sei lutar
Sei me expressar
Sem vacilar
Pode copiar
Pode ler
Pode reler
Pode ruminar
Pode imitar
Que quando eu te encontrar
Vou te abraçar
Vou te admirar
Te auxiliar.

QUE DIA LINDO!

A tia de Português afirma:
- O dia está lindo.
Não é Arlindo...

Depois a tia nega:
- O dia não está lindo.
Né... Povo lindo.

Agora a tia Vera indaga:
- O dia está lindo?
Hein... Clarindo.

A professora exclama:
- Que dia lindo!
E todos os alunos ficam sorrindo.

TUDO NA VIDA TEM EXPLICAÇÃO

Acontece algo com algum indivíduo
E este (esta) comete o suicídio
Então todo mundo fica fazendo pré-julgamento
Correm falsos boatos
Dizem que a vítima fez papel de jumento
Outros acham que foi envenenamento
Mas... Depois a perícia forense descobre
Que foi enforcamento
Enquanto algum amigo (a) também descobre
Que a pessoa matou-se por causa dum sentimento
Não correspondido.

A esposa pegou uma chaleira com água quente
Jogou na cara do marido que é paciente
Mas a vizinhança não se mete na questão
Pois respeitam o seguinte ditado
"Em briga de marido e mulher não se mete a colher"
E quando chegam ao Décimo Segundo Distrito Policial
A delegada quer saber o porquê das queimaduras se...
As testemunhas falam da boa reputação do esposo
Então a mulher furiosa
Tão nervosa
Diz: Este cafajeste me traiu com uma quenga velha.

Meu tio Vicente chega da cidade chamada Pentecoste
Procura por mim na sala
Procura por minha fala
Procura meus sorrisos
Procura-me entre os amigos
Procura-me na cozinha
Procura por minha corzinha
Procura-me no banheiro
Procura-me no canteiro
Daí pergunta aos meus familiares o que faço tanto
Trancado no quarto
No quarto abafado
E todos declaram que produzo poemas.

A dona Viulame é uma mulher rica, cheia da grana...
Ela terminou a faculdade há oito anos atrás
Ela agora é uma historiadora
E todo mundo pergunta se ela quer ser professora
Mas diz que NÃO
Em seguida se explica:
- Eu não me formei para exercer uma profissão
Eu me formei somente para aumentar o conhecimento
Eu me formei para dar exemplo aos jovens da evasão
Ou seja, que não se esforçam para estudar mesmo com sofrimento
A fim de futuramente lutarem contra a corrupção.

Resumo: Realmente tudo na vida tem explicação
Se eu fosse digitar todas as explicações do mundo
Alguém iria me chamar de desocupado, estroina, valdevinos, vagabundo...
É melhor parar por aqui.

QUAL NOME SE DAR AO ESPAÇO ENTRE DUAS MONTANHAS?

Já estou ficando velho
e ainda não consegui
ainda não descobri
o nome que se dar ao espaço
que fica entre duas montanhas...

- Você sabe?
Então me diga
Que isso há tempo me intriga.

Hoje não quero saber de cume
Não quero saber de lume
Não quero saber de vertente
Não quero saber de poente
Nem de sopé
Nem de igarapé
Nem de cota
Nem de grota.

Eu preciso saber do nome do espaço
Localizado entre duas montanhas
Senão ficarei reprovado no teste
Que farei no agreste
Do Nordeste.

Pouco desejo saber do morro
pouco da serra
pouco da terra
pouco do Pico da Neblina
pouco da campina
pouco do "monte" Mauna Kea.

- Sabe como encontrei a resposta?
Tão esperada?
Tão badalada?

Visitei à amicíssima Wikipedia...
Gentilmente ela me explicou
Disse que a pergunta me perturbou
E a resposta é VALE.

- Vale?
Mas era tão fácil
Sou ágil
Porém não sabia
Apesar de ouvir falar
Do vale fluvial
Do vale glaciar
Do vale tectônico
Do Vale da Morte
Do Vale do Loire
Do Vale Valley.

Queria que algum geógrafo
confirmasse a resposta
se é que alguém se importa
comigo
ou é amigo.

SENHA

Inesquecíveis leitores:
Chegou o momento de revelar algo obscuro
Chegou a hora de revelar algo oculto
Que é uma coletânea de aproximadamente mil novecentos e oitenta e nove poemas
Todos escondidos
Todos protegidos
No hipotálamo
No tálamo.

Por enquanto você não tem permissão de lê-los
Pois são guardados por senha
Ainda não foi dada ordem para que você tenha
Para não serem hackeados
Para não serem queimados.

Repito: São cerca de mil novecentas e oitenta e nove poesias
Mas infelizmente tu não podes acessá-las
Devido o plágio
Que é um contágio.

O leitor nem vai acreditar no que direi agora:
Deixarei aqui a senha para quem quiser invadir a coleção
Deixarei por que amo meus leitores de coração
Só que vocês jamais conseguirão
Mesmo assim anote: 19F89J01A20L. 

TOSSE: SINAL DE TRAQUINICE

Conheço alguém que tem um ponto fraco visível

Isto é, quando faz alguma danação

E alguém faz interrogação

A pessoinha tosse

- Coff! Oss! Uss!

Quando ela (ele) tosse

A gente já sabe logo que tem culpa no cartório

Que andou fazendo algo de errado no escritório.

Olha lá que é gente adulta!

Que a tosse funciona como denúncia

Quando é flagrada a multa

A prova do crime

Ou seja, andou fazendo travessura?

Sua criatura...

E ela faz: Coff! Oss! Uss!

A pessoa é chamada pra conversa

Ela será julgada olho a olho

E na hora H

Ele ou ela coça a cabeça dizendo ter piolho

Fica impaciente

Fica inconsciente

De repente: Coff! Oss! Uss!

Quando este alguém tosse

Pode ter certeza absoluta de que andou fazendo

Traquinice

Molequice

E a gente diz assim:

- Deixa de ser danado

Seu buliçoso

Seu travesso.

- Coff! Oss! Uss!

Confesso que sou mesmo traquinas

Vivo fazendo maldades nas esquinas

Mas vou tomar xarope

Vou usar pastilha

Vou chupar drops.

NO BREJO

Madalena ensinando sua menina de seis anos a ler
Fez uma lista de palavras iniciadas pela sílaba BRE
E ela soletrava
Ela brigava
Por falta de paciência
Com o símbolo da inocência.

Vejamos a listagem:
Brear
Brecar
Breca
Brecha
Brechó
Bredo
Brega
Brejeirice
Brejeiro
Brenha
Breque
Bretão
Breve
Brevê
Breviário
Brevidade.

Ao terminar de ler os vocábulos
A menininha disse que faltava algum
E a mãe jurou que tinha mostrado todos
Mas a garota revelou:
- Mamãe, o lugar onde moramos... Você não citou
Que é o brejo
Que é um breu.

A mãe disse:
- Filha, sendo assim faltavam duas palavras
Brejo
Breu.

LENDO DESIDERATA

Meu leitor precisa tirar um tempinho
Para se deleitar
Para flutuar
Na leitura do poema Desiderata
(Vem do latim "coisas desejadas")
O qual foi encontrado num livro
Numa igreja
Em Baltimore
Mas não é do Thomas More.

Prometo que você lendo Desiderata
Passará a ser autodidata
Marcará até a data
De alguém que era psicopata
E agora mudou
Transformou-se.

Que o leitor realize suas "coisas desejadas"
Que a leitora tenha suas fadigas apagadas
Que você cresça navegando em Desiderata
Consiga atravessar o oceano
E desvende o arcano.

COMER TATU

Dizem que é bom comer tatu
Preparado com colorau
Que vem do urucu
Usado aqui na América do Sul
Inclusive em Itu.

Mamonas Assassinas devem ter cantado no Raul Gil:
Que é bom comer tatu
Mas eu... prefiro anu
Ou nambu
Melhor que gabiru
Ou urubu.

- Eu? Comer tatu?
Pego o prato pra tu
Prefiro assado de pirarucu
Prefiro ver foto de urutu
Ou comprar uru.

Já pensou eu inaugurando a carne de tatu?
Sonharia com o mau gostinho de chuchu
Pensaria no escasso cupuaçu
Imaginaria a mesa repleta de caju
Aqui no território de Aracaju.

Ao invés do cardápio de tatu
Por que não bacu?
Por que não bacurau?
Por que não gnu?
Por que não Coco Bambu?
Por que não coco babaçu?

Por favor! Jamais me ofereça tatu
Quando for alimentar o guru
Traga mesmo vídeo de cururu
Comido por tapuru
Em Tururu.

Minha mãe comeu tatu
Em São Luiz do Curu
Quando sua tia Malu
Casou-se com Artur
Leitor de livros da Editora ABU.

DEZ PRAGAS DO EGITO

As águas do Egito viraram sangue:
Dos rios, dos lagos, dos vasos, do tanque...
Os peixinhos morreram
As águas do rio federam
Os egípcios de sede quase pereceram
E o coração de Faraó se endureceu
Ao Senhor Deus não obedeceu.

Arão estendeu as mãos sobre as águas do Egito
As rãs tomaram de conta do meio ambiente
Então só se ouvia o grito
De alguém com medo ou nojo dos anfíbios
Que invadiram casas, fornos, camas, dormitórios, rios...
E o coração de Faraó se endureceu
Ao Senhor Deus desobedeceu.

A vara de Arão feriu o pó da terra
Surgiram piolhos por todos os lados
Eles se apossaram dos homens e gados
Foi o pior aperreio
Imagine o receio...
E o coração de Faraó se endureceu
O dedo de Deus não reconheceu.

Todo Egito foi corrompido pelos enxames de moscas
Sobre os lares, terras, velhos, crianças, mancebos, moças...
Que nojo vê-las em cima dos alimentos!
Foi o maior sofrimento
E o coração de Faraó se endureceu
Ao Senhor Deus desobedeceu.

Veio a praga sobre os animais:
Cavalos, camelos, bois, ovelhas, jumentos...
Alguns talvez fizeram votos, promessas, juramentos...
O gado dos egípcios morreu
O gado dos israelitas não morreu
E o coração de Faraó se endureceu
Ao Senhor Deus não obedeceu.

Arão e Moisés jogaram cinza para cima
Que se transformou em sarna
Pense num carma!
Depois as úlceras
Doía até nas vísceras...
E o coração de Faraó se endureceu
Ao Senhor Deus não reconheceu.

Choveu saraiva em toda a terra dos egípcios:
Sobre homens, animais, plantas...
Saraiva misturada com fogo
Atingiu e assassinou algumas antas
Que pena!
Mas o coração de Faraó se endureceu
Ao Senhor Deus desobedeceu.

O vento oriental trouxe uma nuvem de gafanhotos
Os quais devoraram frutos, verduras, vegetação...
Foi uma terrível devastação
Grande foi a destruição
E o coração de Faraó se endureceu
Ao Senhor Deus não obedeceu.

Houve trevas por todo o Egito durante três dias
Ninguém via ninguém
Os egípcios temiam as trevas
Eles tropeçavam nas pedras
Os israelitas tinham luz
E o coração de Faraó se endureceu
Ao Senhor Deus honras não deu.

À meia-noite o próprio Deus feriu os primogênitos
Os quais vieram a morrer
Era grande o pranto no Egito
Tudo se resumia em um povo aflito
Uma amostra do divino poder
E Faraó libertou os escravos judeus
Que 430 anos no cativeiro viveu
Como sofreu!
Como doeu!

MARTA

Marta:
Mulher cantora
Ela é doutora
Pintora
Escritora
Monitora
Professora
Servidora
Agricultora
Adjutora
Pregadora
Pensadora
Adoradora
Oradora
Credora
Sedutora
Traidora
Leitora.

Marta:
Mustelídeo
Mamífero
Não herbívoro
Carnívoro
Peludo
Paludo
Unhudo
Pouco pernudo
Miúdo
Fedorento
Nojento
Pequeno
Às vezes sereno
Impopular
Evita pular
Saltar
Macacar.

PIUM

Confesso que nunca ouvi falar em pium
não tenho conhecimento algum
não sei significado nenhum
talvez queira dizer pum
ou quem sabe anum.

Preciso descobrir o sinônimo de pium
que poderá ser apenas um
mas deve ser bumbum
deve ser bum
ou jerimum.

Enquanto não desvendar o pium
vou pensar que se trata de atum
que seja antônimo de hum
que seja da família de jejum
ou parente de quórum.

Não desisto de pesquisar o conceito de pium
deve ser Mussum
deve ser muçum
deve ser ratimbum
deve ser tuntum.

- Descobri!!!
Gente descobri!!!
Um município de Tocantins se chama Pium
Um rio se chama Pium
Um inseto se chama pium.

AGENDA MENTAL

Gosto da agenda mental
por que escrevo redação
meio careta
economizo papelão
economizo caneta
e fica tudo anotado
bem organizado.

Anoto tudo na agenda mental
então poupo lapiseira
escrevo sobre a caatingueira
e fica arquivado
bem guardado.

É bastante útil a agenda mental
onde registro o dia-a-dia
não gasto tinta
sinto a melodia
o cérebro pinta
e ponho o cadeado
bem fechado.

Uso sempre a agenda mental
não necessito de borrão
nem preciso de pincel
pois no cérebro desenho um coração
pinto a escada do céu
e tudo permanece lacrado
bem selado.

PETIZ

Quando eu era menino
Papai me atravessava no ombro
Para o outro lado do rio
Com a mochila nas costas
Quando me lembro rio
Faço um minuto de silêncio
Não dou sequer um pio.

Quando eu era garoto
Papai me atravessava nas costas
Pois o rio estava de nado
E eu comia nabo
Quer dizer: Nada
No recreio
Diga "creio".

Quando eu era adolescente
Papai me atravessava no lombo
Para o outro lado do rio
Morria de medo de tombo
Pois seríamos afogados
E éramos afobados.

Quando eu era piá
Ia estudar
Papai me atravessava no ombro
Com água do rio no pescoço
Caso houvesse um só tropeço
Seríamos levados pela correnteza
E sairia a manchete no Barra Pesada:
"Pai e filho morrem afogados
Quando iam ao colégio
Que sacrilégio!"

Quando eu era petiz
Era aprendiz
Papai me atravessava nas costas
Pois o rio não tinha ponte
Eu tinha que ir à escola
Onde de saber é fonte
Para depois não pedir esmola
E Ver os meus futuros filhos na cola
Escondida na sacola.

... SE NÃO FOSSEM AS PALAVRAS

Ai de mim se não tivesse o apoio das palavras!
Não haveria novidade
Não haveria criatividade
Não haveria voracidade
Não haveria veracidade.

O que seria de mim sem o empurrãozinho das palavras?
Ficaria paralisado
Ficaria acomodado
Ficaria atrofiado
Ficaria abestalhado.

Vejamos o mundo sem as palavras:
Predominariam os analfabetos
Predominariam os encobertos
Predominariam os menos espertos
Predominariam os mais incertos.

Só de pensar na minha vida sem as palavras:
Torno-me um sabugo
Torno-me um adubo
Torno-me um bagulho
Toro-me um entulho.

... Se não fossem as amadíssimas palavras
Faltaria talento
Faltaria sentimento
Faltaria alento
Faltaria alimento.

... Se não fossem as queridas palavras
O leitor viveria incompleto
O leitor viveria indiscreto
O leitor viveria no deserto
O leitor viveria a céu aberto.

... Se não fossem as amigas palavras
Nós não sorriríamos
Nós não escreveríamos
Nós não sonharíamos
Nós morreríamos.

MENTE

Às vezes a gente mente
Depois sente
O peso no subconsciente
Que é gerente.

Estou no Brasil
Através da mente
Vou até El Salvador
Ao Equador
E volto
Num só minuto.

Quem não mente?
Dizendo que plantou semente
Depois vem o tempo
E vê-se o engano
Quando cai a máscara
Tão áspera.

Através da mente
Estou no ocidente
Vou ao oriente
Vou ao Cazaquistão
Vou ao Paquistão
E retorno
Em apenas segundos.

O negócio não é fácil pra quem mente
Pois o mentiroso fica desacreditado
Chamam-lhe de descarado
Também desconfiado
E se vender fiado
É enganado.

Através do poder da mente
Voo até Portugal
Voo ao Senegal
E volto
Na mesma hora
Agora.

Dizem que quem rouba mente
Acho que é verdade
Pois quem mente rouba
Rouba a confiança
Rouba a aliança.

Através da mente
Estou ciente
Estou na América do Sul
Chego na Argélia
Dou umas voltinhas na Micronésia
E já me encontro aqui novamente
Sinceramente.

- Você mente?
Não é descente
Deixa a pessoa doente
Descrente
Dormente
Demente.

Através da mente
Vou agora à Eslovênia
Visito Armênia
E num pulo
Encontro-me aqui no sofá de casa.

LEITORES ITALIANOS

Atenção! Momento exclusivo...
Para homenagear os leitores italianos
Leitores romanos
Que inteligentemente abrem e-books
Abrem seus notebooks
Ligam seus netbooks
Ligam o tablet
O iphone
O telefone
O sistema
E leem poema.

Nesse exato instante
Minhas duas mãos ficam avermelhadas
De baterem palmas emparelhadas
Em forma de agradecimento aos leitores italianos
Os quais são acostumados com o clima mediterrânico
E com leitura
À sua altura.

- Obrigado italianos!
Vou pegar meus pianos
E tocar uma linda melodia
Uma sinfonia
Para vocês permaneceram em sintonia.

- SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA! QUERO PARAR!

Preciso parar
Vou viajar ao Pará
Passar no Paraná
Voltar pro Amapá
Parar em Cuiabá.

- Como posso viajar?
Se não consigo parar
A caneta quer disparar
Quero partir pro Canadá
Depois irei ao Panamá
E na volta Quixadá.

Pretendo parar
Mas não estagnar
Apenas descansar
Quando estiver em Macapá
Ou na Ilha de Madagascar
E voltar ao Ceará
Desejo digitar
Para não esfriar.

Repito: Preciso parar
Mas não estagnar
Agora vou viajar
À cidade de Croatá
Só que ao voltar
Continuarei a digitar
Após visualizar
Divulgar
E você comentar.

Estou doido pra parar
De imaginar
De inventar
Quero viajar
Vou à Ararendá
Passarei em Pacujá
Conhecerei Senador Sá
Visitarei Tauá
Também Tianguá
Mas quando eu voltar
Mãos à obra: Di-gi-tar.

SÃO QUINZE HORAS

Em Fortaleza os relógios marcam quinze horas em ponto
Mas não é assim nos quatro cantos
Pois em Barcelona são vinte horas
Conforme o fuso
Em uso.

São quinze horas de luta
São quinze horas de labuta
Escrevendo sobre a beleza da gruta
Escrevendo sobre a cadelinha bruta.

Falo quinze horas porque acho mais lindo
Eu bem poderia dizer três horas
Mas gosto de digitar a respeito das senhoras
Gosto de teclar a respeito de cem horas
E você não sabe de uma coisa:
Estou sem horas
Roubaram meu relógio.

São quinze horas em ponto
Estou a ponto de escrever conto
Porém já estou tonto
De pensar tanto
Sobre o encanto.

Quem me dera todo dia escrever com inspiração
Quando o despertador tocar quinze horas
Eu poder adentrar seu coração
Você poder morar no meu
E fazermos uma parceria
Para entrarmos na galeria
Dos heróis do Amor.

IMPERATIVO: LEIA GRATUITAMENTE

Atenda o imperativo
Seja ativa ou ativo
Aproveite a promoção
Abra o coraçaço
Prepare a emoção
Junte o pedaço
Ajeite o cadarço
Prepare o aço
Leia de graça
Receba poema
Leia a cena
Coma o verso
Beba água do Universo.

Aceite o imperativo
Seja imperativo
Consuma poesia
Desfrute com alegria
Leia estrofes
Aja como antílopes
Tenha o couro duro
Dê o duro
Planeje o futuro
Saindo de cima do muro
Aproveite a chance
Compre lanche
Usufrua da gratuidade
Leia com praticidade.

Guarde o imperativo
Continue sendo sempre criativo (a)
Ame a leitura
Ame a literatura
Agarre-se ao livro
Dê seu crivo
Arme sua caravana
Arrume sua varanda
Abra a porta
Convide-me para entrar
Prepare a torta
Peça-me para sentar
Ouçam gratuitamente
Façam silêncio
Eduquem a mente
Escutem as rimas
Guardem as linhas.

Prenda o imperativo
Aprenda a ser emotivo
Leia poema
Segure a ema
Leia grátis
Risque com lápis
Leia o monóstico
Construa acróstico
Lute com garra
Deixe de algazarra
Julgue minha obra
Evite me chamar de cobra
Deixe seu comentário
Seja humanitário
Largue a vida de sedentário

PODERÍAMOS SER DIFERENTES...

O homem poderia ter quatros olhos
Apesar de eu ter quatro
Quando uso meus óculos de fundo de garrafa
Para fisgar peixes e siris com o landuá
Em noite de luar
Aqui no mar
Do Ceará
Meu lar.

A mulher poderia ter sido produzida com três seios
Os dois do jeito que estão e outro bem no meio
Apesar de algumas carregarem não três
Mas quase seis
E a chamam de "rês"
Deixando-a "pê da vida".

O homem poderia ter sido fabricado com dez orelhas
Então ouviria melhor e falaria menos
Usaria cinco para o som entrar
Usaria as outras cinco para julgar
E seria mais justo
Escutar pra não sair do outro lado
Que vive escancarado.

A mulher poderia ter oito mãos
Se com duas ela faz revolução
Imagine o dobro
(Quer dizer: O quádruplo)
Ela pegaria um quadrúpede
Na hora da raiva
E jogaria no machão bípede
- Pense na manzorra
Do mulherão!

O homem poderia ter cinco pés
- Por que não?
Só porque cinco é ímpar
E não par?
Oh! Não!
Ele com cinco pés
Faria o trabalho de dez
E quando fosse preciso andar seis léguas
Dispensaria as cansadas éguas
Com o patrão assinaria tréguas
- Pense no pezão
Do homenzarrão!

A mulher poderia ter nove narizes
Por que gosta de cheirar as flores e até raízes
Adora sentir o perfume francês
E uma vez por mês
Compra novo frasco
De talco
Para mostrar no palco
Ao desfilar
De salto
Alto.

Deus quis assim da maneira que é...
Ele sabia o que estava fazendo ao criar
Ele sabia que a gente, um dia, iria chiar
Mas nos inventou com dois ouvidos para escutar melhor
E uma só boca para calar-se
Falar somente no tempo certo
Algo concreto
Que edifique.

Temos apenas uma cabeça
E quantos pensamentos destruidores
Desejam que nossa alma pereça!

Temos apenas dois braços
Que se aproveitam da força bélica
Para massacrar a Síria cadavérica
Com a inocência da criança
Que morre sem saber o conceito de pajelança.

Agora os senhores e senhoras (leitores)
Imaginem se os facínoras atuais tivessem asas
Eles arrombariam ou pousariam sobre todas as casas
Inclusive as suas
E a minha
É claro!

ESCREVER É TÃO PRAZEROSO QUANTO DORMIR

Durmo para descansar as costelas
Durmo para esquecer das mazelas
Durmo para alguém esquecer
Durmo para não enlouquecer
Durmo para não adoecer
Durmo para sonhar
Durmo para voar
Durmo para navegar
Durmo para não te aperrear
Durmo para imitar a gatinha
Durmo para imitar o gatinho
Durmo para mostrar que tenho direito
Durmo para aliviar o aperto do peito
Durmo para esquentar o leito
Durmo para não cair do parapeito
Durmo para inovar
Durmo para não chorar
Durmo para não ignorar
Durmo para não fofocar
Durmo para não te enjoar
Durmo para quando acordar te ver
Durmo para quando despertar escrever.


Escrevo para exercitar os neurônios
Escrevo para esquentar os hormônios
Escrevo para atender ao ego
Escrevo para mostrar que nem sou cego
Escrevo para preencher o vazio
Escrevo para cumprir o rodízio
Escrevo para matar os vícios
Escrevo para divulgar os benefícios
Escrevo para aumentar o conhecimento
Escrevo para tirar alguém do pensamento
Escrevo para dar exemplo ao que morre de preguiça
Escrevo para protestar contra a morte do bicho-preguiça
Escrevo para acordar os meus dedos
Escrevo para espantar os medos
Escrevo para acordar mais cedo
Escrevo para assustar com profecias
Escrevo para dizer que evito melancias
Escrevo para não atrofiar os ossos
Escrevo para expulsar os remorsos
Escrevo para dizer que vou partir
Escrevo para dizer que agora irei dormir.

O PODER DA BORRACHA

Nem damos importância à borracha
Achamos que é inferior à tarraxa
Achamos inferior à garrafa
Inferior à tarrafa
À naviarra.

Apagamos segredos com a borracha
Segredos lacreados em caixa
Se eles vem à tona o crânio racha
Então a gente é igual à frágil bolacha
- O leitor não acha?

Antes que alguém veja... passamos a borracha
Mas falando dela você rebaixa
Dizendo que é um objeto de classe baixa
Que jamais pagaria taxa
Se ela deixa tacha
E prefere gastar com graxa
Que o portão relaxa.

Jamais poderia desprezar o poder da borracha
Que apaga a dívida e despacha
Destrói erros da faixa
É utilizada pela Sasha
Quando se agacha
E a Xuxa acha.

A DENÚNCIA FACIAL

Alguém me olha bem dentro dos olhos
Alguém me encara
Alguém mira a cara
Alguém fita o olhar seguro em meu rosto
Alguém fixa a visão no meu nariz com gosto
E fico com desgosto
Em pleno mês de agosto
A minha face denuncia
Que sou meio insípido
Que sou muito tímido
Quando fico avermelhado
Pareço ensanguentado.

Eu olho bem dentro dos teus olhos
Eu te encaro
Não paro
Fito o olhar firme em teu rosto
Fixo a visão em teu nariz com gosto
Você fica com desgosto
A sua face denuncia
Que tens um pouco de altivez
Que tens bastante timidez
Quando teu semblante fica avermelhado
Parece ensanguentado.

VINTE PINOTES

Toda vez que tomo conhecimento
De que alguém visualizou textos meus
Confesso para você que...
Confesso que...
Que...
- Desculpa! Estou emocionado
As lágrimas já se mexem na glândula
Elas se armam como a tarântula
Dou um tempo...
Tomara que eu não tenha gaguejado!

Confesso que...
Dou vinte pinotes
Assim como os filhotes
Ou garrotes
Recém-nascidos.

Dou vinte pulos
São vinte pinotes
Assim como os caçotes
Na beirada do rio
Lá do Rio.

Dou vinte piruetas
São vinte pinotes
Bem fortes
E... se eu pudesse...
Daria um pirulito
Bonito
Com amor
A cada leitor.

Toda vez que eu tomar conhecimento
De que alguém visualizou textos meus
Confesso para você que...
Confesso que...
Que...
- Pedirei desculpas por ficar emocionado
As lágrimas se mexerão na glândula
Elas se armarão como a tarântula
Darei um tempo...

Confesso que...
Vou pinotear
Vou pinotear
Serão mais vinte pulos
Vinte saltos
Bem altos
E haja sapatos!

PINGO VERDE

Acaba de bater uma saudade
Saudade maluca
Maluca de verdade
Verdade verdadeira
Verdadeira como o ar
Ar que respiro
Respiro você
Você que é a causa
Causa da lembrança
Lembrança nostálgica
Nostálgica e cruel
Cruel como o ditador
Ditador efêmero
Efêmero e descartável
Descartável ser
Ser que sente
Sente ausência
Ausência da pessoa amada
Amada e inseparável
Inseparável do peito
Peito esquerdo
Esquerdo coração
Coração solitário
Solitário demais
Demais é a saudade
Saudade do seu rosto
Rosto angelical
Angelical e inesquecível
Inesquecível sabor
Sabor labial
Labial e doce
Doce igual mel
Mel de abelha
Abelha mensageira
Mensageira do amor
Amor que desapareceu
Desapareceu tão de repente
De repente fui sufocado
Sufocado sem te ver
Ver o teu olhar
Olhar sedutor
Sedutor e traidor
Traidor, mas me encanta
Encanta todo meu ser
Ser interior
Interior e exterior
Exterior é distante
Distante do meu calor
Calor humano
Humano e atraente
Atraente como ímã
ímã com poder magnético
Magnético e telepático
Telepático e simpático
Simpático é meu amor
Amor que se esconde
Esconde a cara
Cara de flor
Flor com dor
Dor e odor
Odor da saudade
Saudade que mata
Mata por dentro
Dentro da alma
Alma que te procura
Procura na Web
Web dar um sinal
Sinal da tua presença
Presença enérgica
Enérgica e real
Real figura
Figura às ocultas
Ocultas mãos
Mãos que me tocaram
Tocaram meu amor
Amor e saudade
Saudade de te ver
Ver na rede social
Social sinônimo de fama
Fama única
Única tentativa
Tentativa no bate-papo
Papo sério
Sério encontro
Encontro a bolinha
Bolinha verde
Verde ponto
Ponto que denuncia
Denuncia que não morreste
Morreste de saudade
Saudade de você
Você que me sustenta
Sustenta conectado
Conectado com o pingo
Pingo verde
Verde pigmento.

DOR NA COLUNA

Tenho misericórdia da coluna vertebral
Pois esta é quem quebra o meu galho
Todos os dias
Na hora das escritas
Quando tu gritas.

Sei que devo me sentar corretamente
Só que acabo esquecendo
E agora está doendo
Bem no centro
Da coluna
Una.

Será escoliose?
Será artrose?
Será lordose?
Será cifose?
Será osteoporose?
Será preciso usar colete de Boston?

A verdade é que não sei viver sem coluna vertebral
Porque preciso digitar
Preciso me posicionar
Na cadeira me ajeitar
A postura consertar
Devo me concertar
Já que sou mole
Pra negócio de cirurgia
Pra corrigir a lombalgia
Que não é utopia.

Estive dialogando com a Bruna
A respeito da minha dor na coluna
E ela me falou que...
Jamais sentiu
Mas acha isso normal
Quando se trata de questão paranormal
Relacionada ao poder da letra.

SETE TROMBETAS APOCALÍPTICAS

O anjo tocou a primeira trombeta:

Pragas foram lançadas

Plantas foram queimadas

A terça parte carbonizada

Pelo fogo

Misturado com sangue

Pela saraiva

Que raiva!

O anjo tocou a segunda trombeta:

O oceano virou sangue

Por favor! Não se zangue

Nem mangue

Pois é sério

Quando some o império

Quando some  a terça parte

Dos animais marítimos

E neste ritmo

Através do fogo

Morre o polvo

Meu povo!

O anjo tocou a terceira trombeta:

Caiu a estrela Absinto

E já sinto

Os homens gemendo

Os homens perecendo

Por causa das águas amargas

Águas fluviais contaminadas

A terça parte ameaçada

Pelo ardor

Da tocha

Que terror!

Que horror!

O anjo tocou a quarta trombeta:

Houve total escuridão

O dia fez greve de luz

O sol doou a negridão

A lua já não mais reluz

Quando a terça parte dos astros

Esconderam seus rastros.

O anjo tocou a quinta trombeta:

Foi grande a queda de outra estrela

Ela abriu o poço do abismo

Do abismo saiu fumaça

Da fumaça surgiram gafanhotos

Gafanhotos parecidos com escorpiões

Escorpiões atormentadores de homens

Homens sem o sinal de Deus na testa

Homens que não prestam

Homens que idolatravam bacanais e festas.

O anjo tocou a sexta trombeta:

Aparecem duzentos milhões de cavaleiros

(Que não parecem cavalheiros)

Os quais montavam cavalos assustadores

Acho que vai assombrar os expectadores

Da boca desses animais saía fogo, fumaça, enxofre...

E lamentavelmente morreu a terça parte dos seres humanos

Nuestros hermanos!

O último anjo tocou a sétima trombeta:

Houve o anúncio de que o mundo tornou-se o reino de Cristo

E quando os vinte e quatro anciãos souberam disto

Prostrados adoraram ao Criador

Então abriu-se no céu o templo de Deus

A arca do concerto foi vista pelos seus

Enquanto clareavam os relâmpagos

Aconteceram terremotos

Como se fossem remotos

Ouviam-se vozes

Metamorfoses

Barulho de trovão

Haja coração!

CAFUNÉ

É gostoso cafuné
ao tirar o boné
da cuca.

Cafuné dar sono
no dono
do couro
cabeludo
abelhudo.

É bom demais cafuné
sem afoxé
você dar no pé.

Cafuné faz flutuar
voar
sonhar
no ar.

Já senti cafuné
distante da maré
em alto mar
no luar.

Cafuné relaxa
a gente se agacha
às vezes se acha
e nada é.

Quero mais cafuné
não sou esmoler
pra viver só
de migalhas
e tralhas.

Cafuné dar prazer
eu quero fazer
e vice-versa.

Como é maravilhoso cafuné
preparando café
e o vento sopra
fumaça da chaminé
né!

Cafuné é inesquecível
ao escrever verso
sinto-me perverso
e submerso.

ÀS ESCÂNCARAS

Antes tive sempre receio
De expor os ideais
De falar dos pardais
De consumir demais
De afogar-se nos canais
De revelar minhas recâmaras
De colocar minha intimidade
Às escâncaras.

Agora ainda tenho receio
De comer recheio
De viver cheio
De falar que anseio
De lembrar das tâmaras
De colocar minha privacidade
Às escâncaras.

Depois poderei ter receio
De brincar no recreio
De dizer que creio
De dizer que ceio
De viver em rodeio
De me achar feio
De surgir nas câmaras
De colocar minha particularidade
Às escâncaras.

TEUS BEIÇOS

Queria muito saber o porquê de...
Eu insistir
E persistir
Fitando as bilas
Em teus beiços...

Ponho os olhos nas estrelas
Eles fogem
Eles correm
E dão atenção aos teus lábios
Só porque são carnudos...

Observo as ondas marítimas
Tentando despistar
Tentando disfarçar
E meu olhar teimoso
Volta à tua beiçola
Ao som da radiola.

Miro uma naja em pé
Tomo café
E crente que os meus olhos te esqueceram
Fico tranquilo
Perdi dois quilos
Mas de repente
Me pego salivando
Ao ver a tua boca.

Desvio o olhar safado
Contemplo um parque de diversão
Ciente que tudo está abafado
E meus olhos dialogam um com o outro
Dizendo
Que estão vendo
O teu bico
Tão bonito.

Tento detalhar o sinal
Tento visualizar os cabelos
As orelhas, o nariz, os pelos...
Só que meus olhos escorregam
Eles deslizam
E lá estão de novo em teus beiços.

Não tem mais jeito, não
Olho pra todos os demais órgãos
E já cheguei a seguinte conclusão:
Ainda que teu beiço fosse leporino
Ainda assim os olhos verdes elogiariam
As duas partes sorrindo
Com a voz suave
- Ave!!!

Beiços
Beijos
Pronto
Ponto final.

O GAVIÃO

Olho para cima
Olho para o céu
Vejo o gavião
Penso ser um avião.

Meu olhar alcança o galho seco
Meu olhar vai além do que imaginas
Vejo o gavião
O espião.

Os meus olhos veem o topo da serra
Ambos veem o movimento estranho
Vejo o gavião
Desejando o cancão.

A minha visão se encontra com o fio elétrico
A minha visão procura algo desconhecido
Vejo o gavião
Comendo melão.

Bilo o ninho fabricado no décimo oitavo andar
Bilo o ninho feito na árvore alta como o prédio
Vejo o gavião
Faminto igual leão.

Miro o olho no horizonte colorido
Miro o olho à procura de novidade
Vejo o gavião
Suado como peão.

Assisto a programação da TV
Assisto a propaganda exibida no intervalo
Vejo o gavião
Que roda parecido pião.

Abro o livro de Ciências
Abro o livro de Biologia
Vejo o gavião
Com papão.

Fui ao zoológico de Canindé
Fui no feriado de setembro
Vi o gavião
A cara do bicho-papão.

Fui à vegetação nativa
Fui ao interior capixaba
Vi o gavião
Do sertão.

Abro o porta do meu cérebro
Quebro o cadeado
Vejo o gavião
O tartaranhão.

Visito meus familiares em outro estado
Visito sem intenção de fiscalizar
Vejo o gavião
Na prisão.

BABO OLHANDO O CACTO

Estou eu aqui
no meu deserto
e ninguém por perto
pra encher o saco
dizendo se estou errado ou certo
quando encho o papo
com jenipapo
que trata o mal
denominado bico-de-papagaio
tecido ósseo anormal
ou osteofitose
que tem nada a ver com febre aftosa.

Estou aqui
de olho na xerófita
enquanto sofro com afta
toco o espinho
do porco-espinho
do cacto
e fiz pacto
para por água
no caule com estômatos
com estômagos
no caule suculento
ao relento.

Aqui estou
vendo um jarro com cacto
não me sinto apto
para acariciar os gloquídeos
os quais ferem os bronquíolos
no ecossistema
no sistema.

Aqui eu estou
olhando as flores do cacto
as quais são bissexuais
radiais
bilaterais
e aproveito a beleza das pétalas
das tépalas
das sépalas.

Estou aqui
deslumbrado diante a polinização
vejo um beija-flor
que pousa no cacto saguaro
com amor
a fim de desfrutar do pólen
e do néctar.

Aqui estou
e babo olhando o cacto
preciso cumprir o pacto
de água lançar no jacto
nos espinhos
tão fininhos
que fazem furinhos
com gotículas de sangue
no polegar
no anular.

MEU LADO ESQUERDO

Neste exato momento
Sou uma pessoa que nasceu
Apenas com o lado esquerdo
E do outro esqueceu
De vez.

Como já disse
Hoje possuo somente o lado esquerdo
Que anda meio lento
Sem talento.

O meu lado esquerdo está fumegante
Às vezes extravagante
Como se quisesse desfalecer
Ou até desaparecer
De vez.

Assusta-me certo formigamento
Deve ser invenção do pensamento
Só que pode ser um aviso
Talvez de acidente vascular cerebral
Ou da pressão arterial
Que machucam o meu lado esquerdo.

Meu lado esquerdo cai no esquecimento
Continua o formigamento
Sofro calado
Mesmo abalado.

Entendo que meu lado esquerdo
Possa está com saudade
Saudade do outro lado
Que vive angustiado
Na solidão
Do Sudão.

Morro de compaixão
Ao ver o meu lado esquerdo
Odiando a paixão
Como se estivesse com alzheimer
Esquecendo do sábio Einstein.

Prometo buscar ajuda do neurologista
Não posso continuar sem auxílio dum especialista
Apto em problemas do lado esquerdo
Que consiga mostrar a cura
Para a loucura
Do coração
Amigão.

Que você (querido leitor)
Tire dois minutos
Pra se importar com seu lado esquerdo
Enquanto os sintomas estão ocultos
Enquanto você acorda bem cedo
Com seus gestos cultos
Vivinho (a) da silva.

TEOREMA DE PITÁGORAS

Quando eu não era escritor
Não largava os descritores
Era verminoso na área de cálculos
Amava estudar os ábacos
E não podia viver sem as equações
Sem as adições
As divisões
As multiplicações
As subtrações.

Meu viver se resumia em teoremas
Inclusive o de Pitágoras
O qual exala perfume quanto as mandrágoras
E adormecia sobre a fórmula de Bhaskara
Que derrubava a máscara.

Ainda hoje admiro o Teorema de Pitágoras
O qual contemplou as minhas lágrimas
Quando eu morria de cócegas
Devido ao castigo
Por não decorar a fórmula
Da soma dos catetos ao quadrado
Equivalente a hipotenusa ao quadrado.

Mesmo depois de virar poeta
(Longe de chegar aos pés de Patativa do Assaré)
Não largo a biblioteca
Onde devoro o probleminha
Relacionados ao Teorema de Pitágoras
- Molezinha!

O Teorema de Pitágoras é galante
Dele sou amante
E ainda distante
Não largo a estante
Um só instante
Revendo o modo de como encontrar o lado do triângulo
Retângulo.

NÃO POSSO TEMER

Quantos cidadãos amedrontados com o governo Temer!
Mas não posso temer
Eu devo crer
Que dias melhores virão
E o vilão
Apaga-se
Apaga-se
Apaga-se.

A vizinha dos fundos lá de casa vive com medo das medidas do Temer
Porém não posso temer
Eu devo crer
Na "Ordem e Progresso"
Nos deputados sérios do Congresso
E nada de regresso
Regresso
Regresso
Regresso.

Alguns brasileiros fazem terror e chamam de "monstrengo" o senhor Temer
Portanto não posso temer
Eu devo crer
Que Deus está no controle
Pois as autoridades são constituídas por Ele
Tudo é dEle
Dele
Dele
Dele.

TORRE DE BABEL

Antigamente todos os povos da terra falavam a mesma língua
Até que os descendentes de Noé
Tiveram a ideia de dar um "olé"
No Deus Criador da terra e do céu
Ou seja, eles quiseram ser famosos
Então planejaram uma torre bem alta
Para engrandecimento de seus nomes
Deixando a divindade de lado
Como se Deus fosse calado
Como se Deus vivesse isolado
Como se Deus fosse uma estátua
Sem vida
Sem ouvido.

Enquanto eles construíam a torre
O Pai lá do alto observava tudo minuciosamente
Ele lia cada mente
E conversou com os membros da Santa Trindade
Acerca do pecado dos homens orgulhosos
Que intentavam atos perigosos
Os quais desafiavam o Todo-Poderoso.

Um queimava tijolo
Outro trazia pedra
Um preparava o bolo
Outro contava a moeda
Um mexia o betume
Outro bulia no estrume
E Deus observando tudo detalhadamente
No solo de Sinar.

O tempo ia passando
A torre aumentando
O povo se empolgando
A soberba se proliferando
E Deus projetou uma viagem declarando:
- Trindade, Desçamos
E confundamos
A linguagem dos homens
Pois estão muito petulantes
A ponto de serem triunfantes
Sinônimos de exaltados
Coitados!

O poder do Senhor fez parar a Torre de Babel
Por que os pedreiros nada entendiam
Tijolo pediam
Miojo traziam
Cal pediam
Sal traziam
E foi a maior confusão
Durante a construção.

Um falava inglês
Outro português
Um falava alemão
Outro catalão
Um falava mongol
Outro espanhol.

O resultado da confusão da Torre de Babel
São aproximadamente sete mil idiomas
Espalhados pelos biomas
E tu que amas
Grita: "I like you".

DUZENTAS BARRAS DE OURO

Gente!
Nem acredito no que estou vendo...
São duzentos poemas
Escritos com variados temas
Por que não dizer lemas
Ou dilemas?

Parece que foi ontem
Quando iniciei a primeira poesia
Todo tímido
Todo acanhado
E iludido
Estou preso ao emaranhado
De fonemas
De poemas
Criados na hora
Hora de namorar
Às ideias
Sérias.

Até aqui deu pra notar que evito falar mal
Das pessoas
Das lagoas
Das leoas
Das canoas
Das quiboas
Das broas
Das safroas.

Entendo que o leitor desconheça o meu olhar estrábico
Mas confesso que fora erro de fábrica
Todavia procuro olhar seguro
Dentro dos seus olhos
Para jamais entrar em apuros
Quando alguém me achar desconfiado
No instante das entrevistas
Previstas.

Não almejo fugir do assunto
Eu quero comprar um só presunto
Para comer enquanto me divirto
Escrevendo estas duzentas homenagens
Ou duzentas barras de ouro
Para enviar às leitoras morenas
Aos leitores louros
Aos americanos calouros
Às massas asiáticas
Às Áfricas
Enfim
The end
Fim.

CUMPRIMENTOS

- Bom-dia!
Que você tenha uma excelente manhã
Ainda que seja com manha
Mas seja agradável
E amável.

- Boa- tarde!
Que você tenha uma ótima tarde
Mesmo com o sol que arde
Possa transmitir algo positivo
Àquela pessoa que pensa negativo
E está com o coração partido.

- Boa-noite!
Que você tenha uma belíssima noite
Longe de algum açoite
Coisas que chegam pra desmanchar
A tua alma manchar
Mas eu te aconselho
Que marche!

ANO 2039

Evidentemente não posso mandar no dia de amanhã
Nem sei se estarei vivo amanhã pela manhã
Com meus caprichos
Meus carrapichos
No nicho
Picho.

Sem dúvida alguma não passo de uma vela acesa
Porém consigo ter cabeça para imaginar
Quando os dias são bem maus
Bem anormais
E são manchetes dos jornais.

Na realidade o ano 2039 existe na nossa mente
Hoje plantamos a semente
Ela germinará
Nascerá
Crescerá
Morrerá.

O ano 2039 representará a metade do século
A estação do tubérculo
(Não confunda com tuberculoso)
A época de festejos
A nuvem de beijos.

Em 2039...
Espero poder te encontrar
Para unidos
E reunidos
Cantarmos
O hino da vitória.

Não ignore o pensamento precoce
Então se coce
Pois a gente torce
Para chegarmos em 2039
Vivos
Com livros
E poesias.

ITAPAGÉ

Quando visito Itapagé
Vem-me à memória o pajé
Juntamente com pedra
Que quer dizer "ita"
Na linguagem tupi.

Itapagé:
Onde moravam os Guanacés
Onde viviam os Apuiarés
Isto é, indígenas donos das terras
E perdedores das guerras.

Relembro o lugar onde nasci
Lembro de Itapagé
Quando chupei picolé
Na fase pueril
Uma partícula do meu Brasil
I love Brazil
I am Brazilian.

Itapagé: Riacho do Fogo
A cidade cearense
A cidade do Diogo
A cidade do itapajeense
A cidade da Diana
Que sobe a Serra de Uruburetama
Para plantar banana.

Não conheço bem Itapagé
Mas sei do rio Caxitoré
Do riacho Ipu
E Capim Açu.

Itapagé: Terra do turismo
Onde você poderá ver a Pedra da Caveira
Também Pitombeira
A Pedra do Frade
E como não sou covarde
Enviarei uma fotografia
Mostrando a hidrografia
Da minha naturalidade
Minha cidade.

Princesa Serrana:
Receba essa homenagem
Digitada com carinho
Já que não tenho filmagem
Mas tenho dedinhos...

ERRANDO E APRENDENDO

Não sou perfeito
Nem sou prefeito
Por isso falho
Por isso falo
Que erro
Como erro!

Não lembro de ter dito que sou santo
Por que deslizo tanto
Que fico tonto
E caio.

Ainda bem que não sei de tudo na vida
Só assim existe vaga para aprendizagem
E desenho no cérebro a sua imagem.

Quando faço algo errado
Da outra vez
Penso duas vezes
E acerto.

Perfeição somente no paraíso
Onde olharei teu sorriso
E não encontrarei falhas.

É errando que se aprende
E meu saudoso pai dizia:
- "Filho, faça vestibular pra Direito
Não faça errado"
Então eu quis contestar
E ele "encerrado!"

Caso o querido leitor ache algum deslize
Ao ler os textos
Por favor! Corrija-me
Deixe de lado os pretextos
Pois aprendi que a humildade
Vem do latim HUMUS
Que significa "filhos da terra"
Melhor dizendo: Somos frágeis
Somos barro
Somos jarro
Que se quebra.

DESCASO AFRICANO

- Você já passou fome na vida?
Você já arrancou a casca da ferida?
Você já reclamou do ovo posto à mesa?
Você já zangou-se com a sobremesa?

A criança africana come argila
Ela com fome cochila
Sem iguaria
Sem alegria.

É um inocente menino que boceja
Um bocejo faminto
Por dentro um labirinto
Onde a digestão se assusta
Em ter que trabalhar com barro
Tão bizarro.

É uma ingênua menina que denuncia
Faz a denúncia com os olhos
Onde vemos os buracos
Parece que os órgãos saíram da caixa
Por falta de graxa
Não relaxa
Diante a desgraça.

A criança lentamente desaparece
Ela de doença perece
Nem com gente parece
- Será que merece?

Acredito em ventos de mudanças
Creio no rendimento das poupanças
Espero que algum dia encham as panças
Com bonanças
Com finanças.

Que futuramente os esqueletos criem músculos
Assim como o Vale de ossos secos
Os moleques africanos deixem os becos
Nasça carne nos queixos
E consigam sobreviver
No barco a deriva
- Viva!

Isto aqui não é história da carochinha
Isto é verídico
É o povinho raquítico
Que sofre calado
A falta de alimento
A falta de sentimento
Aliada ao preconceito
Sempre eleito.

Sei que são os devaneios da vida
Entretanto não é utopia
Quando foge a filantropia
E dar espaço ao acaso
Dar lugar ao descaso
Ao verdadeiro caos
Dos dominadores maus.

É difícil ver uma criança negrinha
Tão magrinha
Morrendo de fome e...
Mordendo os cabelos da própria cabeça
A fim de que seu estômago não pereça.

Não é brincadeira, não
Quando temos tudo na mão
Desprezamos nossos irmãos
Negamos pedaços de pão
Enquanto alguém come o amassado pelo cão
No segundo continente mais populoso
Onde predomina a sequidão
A condenação.

Já que não posso ir até lá
Pelo menos penso neles aqui do meu lar
Tentando a todos conscientizar
Do descaso africano
O maior engano.

SONHO INÉDITO

Todos da web já sabem que sou sonhador
Todos já sabem que sou escritor
Todos sabem que sou também leitor
Todos sabem que sou formador
De opiniões
De campeões.

Tive um novo sonho nas noites de inverno
Tive um novo sonho nas noites de frio
Quando meu espírito saiu pra dar umas voltinhas no inferno
E senti no pé da barriga um calafrio.

Sonhei que o demônio chamado Abadom
Ou anjo do abismo
Chegara repentinamente e...
Sem pedir licença
Arrancou-me o  espírito à força
Usando lança
Que tirou da pança.

Abadom derrubou-me dentro de um poço fervente
E senti-me como um ovo frito
Mas ninguém ouvia meu grito.

Pensei que seria churrasco dali pra frente
Quando minha carne ardia sem ter saída
E pude sentir uma dentada ou mordida
Bem no lugar duma ferida.

O mau cheiro tomava conta do ambiente inóspito
De repente o "chefão gigante" soprou o apito
Dizendo que acabara de chegar outro novato
Que agora vai andar de quatro
Com patas de pato
E focinho de rato.

Estava eu parado próximo ao forno de queimar ossos humanos
Mas não são quaisquer ossos
São somente ossos do crânio como:
Etmóide
Esfenóide
Occipital
Frontal
Parietal
Temporal.

No abismo havia muitas novidades ruins de enlouquecer qualquer um
Como por exemplo, uma garrafa com ácido muriático
Onde são presas pessoas que odiavam leitura
Que achavam ser tortura
E elas tentam sair
Mas... Não conseguem
Por que a abertura da garrafa tinha tampa
Mesmo assim é estreita
Então as pobres almas berram dia e noite
Sem ninguém escutá-las.

Sussurrei por várias vezes
Pedindo aos dragões rabugentos
E fedorentos
Que soltassem fogo da carniceira
Para logo me matar
Do sofrimento me tirar
Mas... O ridículo dava mil gargalhadas
Dizendo que... Tinha dó das minhas cordas vocais
As quais estavam estragadas.

Quando me desesperei
Do sono despertei
Respirei fundo
Tomei um banho profundo
Porque sentia de verdade no tato
O inferno
Hodierno
Eterno.

BICHOS DO OUTRO MUNDO

Mês passado encontrei um ser super estranho
Que tinha os olhos roxos
Como se tivesse levado uns duzentos murros
Quando fazia peripécias subindo muros
Em alta madrugada de sexta-feira pra sábado.

Semana retrasada encontrei um ser esquisitíssimo
Que tinha piercing por todos os lugares:
Boca
Coxa
Músculo glúteo
Região púbica
Língua
Íngua
Olhos
Orelha
Joelho
Pé.

Anteontem me deparei com um ser estrambótico
Que tinha uma cara meio robótica
E uma tatuagem com 666
No caroço
Do pescoço.

Hoje assisti a notícia pela TV
A reportagem de seres que pegaram uma criança de 4 anos
Levaram ao matagal
Abusaram sexualmente
E acham normal
Não há peso na mente
E ainda disseram que foram  ao funeral.

Esses são os bichos do outro mundo
(Falo dos criminosos da reportagem)
Esses têm o pensamento imundo
Quando se transformam em lobisomens
Deixam de ser homens
Viram monstros
Rasgam as carnes
Com ferocidade
Com desumanidade.

Amanhã seriam mais legal
Se os bichos do outro mundo se convertessem
Ou seja, mudassem a mentalidade anormal
Para um caráter pacífico
Para um viver mais implícito
Tácito.

EU & VOCÊ

Eu olho para você
Você me olha
Você me molha
Com saliva
Que me alivia.

Você me chama
Eu chamo você
Para dialogar
Para inaugurar
O amor a primeira vista
Em Boa Vista.

Eu não vivo sem você
Você não vive sem mim
Por isso digo SIM
Você diz YES.

Você faz parte da minha vida
Minha vida faz parte de você
Daí somos dois em um
Nada nos separa
Mal nenhum
Hum! Hum!

Se você morrer
Pode crer
Que serão dois mortos
Mortos de paixão
Até nos caixões.

DEZ VÍRGULA SETE MILHÕES DE BELGAS

Não poderia deixar passar em branco
A oportunidade de elogiar algum leitor belga
Também algum leitor celta
Que tirou minutinhos da vida
Para por seus olhos
Nas linhas
Nas entrelinhas.

Homenageio com carinho
Dirigindo o carrinho
Vejo o clarinho
Vindo da Gália Belga
Declarando que leu
Poema meu
Então dou quatro pulos
Pulos de felicidade
Pela consideração
Desta nação
- Você nem tem noção
Da quantidade de contentamento
Neste momento.

Sei que são 10,7 milhões de belgas
Para alcançar com poesias humildes
Ainda assim enfrento deltas
Não perco as esperanças
Como fazem as crianças
Sonham
Não desistem
Esperneiam
E alcançam.

Acredito nos olhares belgas que adoram ler:
Olhos de flamengos
Olhos de valões
Olhos de germânicos
Olhos de românticos
Olhos de francófonos
Olhos de Mônaco
Olhos de Bruxelas
Olhos de Antuérpia...

Fico até meio sem jeito
Ponho a mão no queixo
Quando penso que...
A população belga é quase toda urbana
E em breve poderá ler os simples poemas
De um escritor da zona suburbana
Que digita sob uma cabana
Ás vezes é chamado de caipira
Que aos poucos pira.

VOCÊ SABIA QUE PENSAR FAZ PERDER CALORIAS?

Quem não sabia
Vai saber agora
Vai aprender na hora
Como perder caloria
Pensando na poesia
E na cantoria.

"Mas antes de revelar o segredo
Necessito da expulsão do medo
Preciso desabafar:
Odeio plágio
Odeio furtar
E por isso tive que pesquisar
Num site de respeito
O qual vive guardado em meu peito
É tremendamente aceito...
Falo do Mundo Estranho
Visto por meu olho castanho".

Nossa mente gasta caloria
Vinte e quatro horas por dia
Sem intervalo
Pra lanchar
Pra relaxar.

Até sonhando
O crânio está funcionando
Calorias se desmanchando
E o corpo desfilando
Sem ter feito tanto esforço
Ganhou tamanho reforço.

Os meus neurônios
Os seus neurônios
Consomem as calorias
- Quer um exemplo?
Caso você queira emagrecer cem gramas
Somente pensando
Bastam quinze dias pensando
Quinze dias pensando
Pensando
Pensando
Amando
Sonhando
Poetizando
Imaginando
Pensando
Lembrando
Pensando
Relembrando
Pensando...

SEMPRE CRESCENDO ...

Fui um feto
Repleto de afeto.

Passei a ser bebê
Aprendi a comer
Aprendi a beber.

Fui criança
Uma herança
Da aliança
Do casal de confiança.

Pulei para a puberdade
Com sinceridade
Descobri a ansiedade
Da masculinidade
Na sociedade.

Fui jovem
Escorreguei na margem
Capinei a vargem
Debulhei vagem
Peguei a bagagem
Tomei viagem.

Durante a fase adulta
Uso a linguagem culta
Evito pagar multa
Procuro boa conduta
Corro de gente que insulta
Entro na disputa
E alguém  me escuta.

Na velhice
Sei da calvície
Compreendo a caduquice
Entendo a maluquice
Ainda que chamem babaquice
Não estou nem aí pra burrice
Ou meninice
Da Alice.

VERBO BILAR

Eu bilo
Tu bilas
Ele bila
Ela bila
Nós bilamos
Vós bilais
Eles bilam
Elas bilam.

Eu bilei
Tu bilaste
Ele bilou
Ela bilou
Nós bilamos
Vós bilastes
Eles bilaram
Elas bilaram.

Eu bilarei
Tu bilarás
Ele bilará
Ela bilará
Nós bilaremos
Vós bilareis
Eles bilarão
Elas bilarão.

ARAPUCA

Eu não quero mais cair na armadilha
Não quero mais perder a liberdade
Gosto de andar pela cidade
Livre de algemas
E buscando estratagemas.

Sofri demais ao ser apanhado na arapuca
Abusei comer todo dia a fécula da araruta
Descobri que a prisão sufoca
Ela nos enforca
Sem dó
Viu!

Há dois dias vi uma sabiá pagando pena
A bichinha canta bonito
Mas como estava presa na arapuca
O canto parecia agouro
No matadouro.

Deus criou as aves com asas para voar
E os homens inventaram a arapuca para atrofiar
A liberdade
A habilidade.

Quem mora na arapuca
Vive igual a Pucca
Sem voz
Sem vez
Sem liberdade de expressão
Na pior pressão
Na opressão.

É melhor ser tomado pela arapuca
É melhor ser fisgado pelo alçapão
Do que cair na perpétua prisão
Pelo nome de gaiola
Que esfola.

QUERO PARAR, MAS NÃO CONSIGO

Quero jogar a caneta na lixeira
Por que acho que escrevo besteira
Mas penso no meu público
Que pede o autógrafo, a rubrica
Na compra de um exemplar
Que enaltece o caminhar.

Quero parar
De digitar
Mas não consigo
Quando o meu amigo
Diz amar as poesias
Que alegria!

Quero abandonar papéis
Que são como lauréis
Mas não consigo
Rabisco
E risco.

Quero parar
De pensar
Escrever
Divulgar
Reescrever
Mas não consigo
E brigo
Comigo.

O POETA ADOLESCENTE

Desde criança que tenho a mania de escrever
Só que naquela época as condições financeiras eram precárias
Eu mal dispunha do caderno escolar e um lápis com borracha ou caneta
E tal situação me deixava fora de área
Melhor dizendo: Um escritor careta.

Quantas ideias poéticas surgiram na agenda cerebral
Todavia nem lápis ou caneta eu usufruía para anotá-las
Já que depois facilmente a gente esquece de tudo
Devido o leque de conteúdo.

Sonhei muito com um livro volumoso de poesias
Originadas do interior de meu ser
E dizia: Quando eu crescer...
Realizarei meu desejo
Tão efervescente
Na mente.

Confesso que fui, sim, um poeta adolescente
Pois cheguei a pedir "tinta" emprestada
Para escrever estrofes
Quando comia estrogonofe
Com garfo.

Oxalá que eu pudesse juntar as cinzas dos papéis escritos
Daria para os meus leitores provarem
E aprovarem!

Como tu podes notar
Eu já sou experiente na construção de versos
Porém não sou exaltado
Eu preciso ser exortado
E humildemente dizer que não sei de tudo
Mas estou aqui para aprender
Com você.

Amaria ver os adolescentes da atualidade pensando
Amaria ver os adolescentes da atualidade criando
E não se marginalizando
Para futuramente por em risco
Nossas vidas
Vidas queridas
Sofridas
Com feridas.

Morro de saudades da adolescência
A qual vive armazenada aqui na consciência
- Perdão! Eu tenho saudade dos meus poemas queimados
Que não tiveram o privilégio de ser arquivados.

EU SOU EU E VOCÊ É VOCÊ

Eu sei quem sou
Sou eu
Sou único
Sou consciente da minha pessoa
Um ser racional
Que é real
Super homem
Homem que cria
Cria algo inexistente
Que assombra a gente
O agente
A mulher inteligente
O animal diferente
Exclusivo
Inclusivo
Na clã
Fã.

Você é você
Tem personalidade própria
Tu não és cópia
És singular
Normal
Real
Que opina
Que combina
Possui DNA
Usa ar
Sorri de amor
Sente dor
Dor sua
Você sua
Seu suor
E aplaude o Projeto Genoma
No bioma.

Eu toco em mim
Onde quero
Pois o tato é meu
Minha propriedade
Minha posse
Quando a gente tosse
Até a secreção
É algo íntimo.

Você toca em você
Onde somente tu podes
Pois não posso
Eu me coço
Mas não posso
Invadir a privacidade alheia
Por que sou outra alma
Que mora em Parelhas
"Capital das telhas".

POR FAVOR! NÃO CONFUNDA SÍNDICO COM CÍNICO

Quem usa de fingimento
Quem usa de descaramento
Chama o próximo de jumento
É cínico.

Quem usa de falsidade
Quem usa de crueldade
E possui máscaras
Duas caras
É cínico.

Quem se diz patriota
Mas corrompe a pátria
É hipócrita
É cínico.

Quem administra o condomínio
Quem nesta área tem domínio
E respeita o condômino
É síndico.

Quem é responsável pela gestão do edifício
Pode até achar difícil
Achar um precipício
Mas é o síndico.

Quem é cínico
Não gosta da honestidade do síndico
E quem é síndico
Não compactua com a desfaçatez do cínico.

... MORRENDO AOS POUCOS

A Filomena está com rugas
Diz que está morrendo aos poucos
E desconta a raiva nas pulgas.

O Jorge perdeu todos os dentes
Diz que está morrendo aos poucos
E quer tomar veneno das serpentes.

A Amélia é octogenária
Diz que está morrendo aos poucos
E tem o verme solitária.

O Ambrósio amputou ambas as pernas
Diz que está morrendo aos poucos
E jogou no lixo as lanternas.

A Fernandina ficou totalmente cega
Diz que está morrendo aos poucos
E se acha brega.

O Paulão contraiu o vírus HIV
Diz que está morrendo aos poucos
E deseja logo desaparecer.

A Mirtes pegou bicho de pé
Diz que está morrendo aos poucos
E pra ser curada falta fé.

O Bastião teve trombose
Diz que está morrendo aos poucos
E sonha com overdose.

O JB Paiva está com insuficiência respiratória
Diz que está morrendo aos poucos
E deixa aos leitores esta dedicatória.

DANDO ATENÇÃO AOS TRIOS

Sempre me lembro dos três turnos do dia
Com alegria:
Manhã
Tarde
Noite.

Sempre relembro as Três Marias
Ou estrelas da Constelação de Órion
Vistas em noites de ventanias:
Primeira Maria
Segunda Maria
Terceira Maria.

Sempre dou atenção às três partes do corpo humano
Observando-as no meu mano:
Cabeça
Tronco
Membros.

Sempre penso no trio que constitui a célula
Ainda que você seja magricela:
Membrana plasmática
Citoplasma
Núcleo.

Sempre estudo os nomes dos três que visitaram o nascimento de Jesus
Que foram os reis magos
Talvez fossem magros:
Gaspar
Belchior
Baltazar.

Sempre imagino o charme das três Américas
Com suas particularidades genéricas:
Norte
Sul
Central.

Sempre atento para venerar à Santíssima Trindade
A qual existe desde a eternidade:
Pai
Filho
Paracleto.

QUEM É A CÉLULA CAMPEÃ?

Querido leitor: Prepare-se para o show da vida
Prepare-se para a corrida dos quinhentos milhões de células
Que guerrearam para vencer
Enfrentando barreiras
Enfrentando carreiras
E deslizamentos
Ou afogamentos.

Estou me referindo aos quinhentos milhões de espermatozoides
Que surgem da ejaculação
E nadam à procura da fecundação
Após os bombardeios
Ou tiroteios.

São quase quinhentos milhões trabalhando num só propósito
Que é chegar ao óvulo
Que não tem nódulo
E vencer os glóbulos
Glóbulos brancos.

Os quinhentos guerreiros lutam para atravessar o colo
Eles se espremem tentando entrar nos microcanais
Onde encontram inimigos armados de espadas
E daí poucos vencem o muco pra serem normais.

A competição é acirrada entre as células corajosas:
São os bloqueadores
São os matadores
São os nadadores
E o pelotão de elite.

No final vence a célula mais apta
Aquela que enfrentou todos os canhões
Aquela que derrotou todas as legiões
E recebeu o prêmio da vitória.

-Quem é a célula campeã?
Sou eu
É você
Somos nós
Enquanto os perdedores
Sumiram da terra
Para dar lugar aos vencedores
Que peitaram a morte
Tiveram sorte
No milagre da vida.

CAVALO DO CÃO

Lembro-me da infância
Quando a mamãe mandava eu varrer a casa
E eu criava asa
Isto é, fugia brincar de bila
Com amigos da vila.

Ao retornar da balada infantil
Mamãe puxava as minhas orelhas
Colocava-me de joelhos
Em cima da palma ou planta chamada orelha-de-coelho
Dava carão que doía mais do que o castigo
Dizia que eu era desobediente
Merecia castigo
Ou seja, o cavalo do cão ia me pegar.

Resultado: Passei a viver enfurnado
Passei a ser um garoto isolado
Que se escondia da sociedade
Por causa da seriedade do castigo
Chamado cavalo do cão
O qual pensei que fosse o demônio.

O tempo foi se adiantando
E certo dia descobri o rosto do cavalo do cão
Que não tem nada de cão
Que não passa duma libélula
Dum inseto que mata aranha
Através de artimanha.

CONVERSA PRA BOI DORMIR

Todo mundo pode escrever algo
Todo mundo pode pensar algo
Todo mundo pode desenhar algo
Todo mundo pode sonhar alguma coisa
Todo mundo pode projetar alguma coisa.

Pra que essa cabeçorra?
Pra que esses miolos?
Pra que esses neurônios?
Pra que esse cérebro?
Pra que esses olhões?
Pra que esses orelhões?

Ninguém é incapaz
Ninguém é somente capataz
Ninguém é inferior ao cartaz
Ninguém é desconhecedor da paz
Ninguém é inocente do que faz
Ninguém é só contumaz.

Todo mundo pode filosofar
Todo mundo pode interrogar
Todo mundo pode imaginar
Todo mundo pode inventar
Todo mundo pode pescar
Todo mundo pode comercializar
Todo mundo pode viajar
Todo mundo pode nadar.

Se você disser que não sai nada da sua cachola
Eu juro que vou te chamar de gabola
Ora bolas!

Se você continuar falando que não sabe escrever nada
Que falta ideia
Que desconhece Homero
Que desconhece Odisseia
Eu prometo que pegarei um microfone
Ou quem sabe um megafone
E gritarei pra todo mundo ouvir:
"Isto é conversa pra boi dormir".